Só para assinantesAssine UOL

Com queda no lucro e nos dividendos, Petrobras perde R$ 53 bi em um dia

Até as 13h desta sexta-feira (8), a Petrobras já havia perdido R$ 53 bilhões em valor de mercado com a queda em suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo. O calculo é da Elos Ayta.

Depois de ter baixa no lucro, crescimento da dívida e decidir não pagar dividendos extraordinários, a Petrobras agora enfrenta uma queda forte em suas ações. Por volta de 12h30, a queda era de 11,78%, no caso de PETR3, cotada a R$ 36,40, e PETR4 perdia 10,5%, para R$ 36,15. Na Bolsa de Nova York, as ADRs da Petrobras também estão em baixa, caindo 12,13% na mesma hora, para US$ 14,68.

No dia anterior, a petroleira estatal divulgou que teve uma baixa de 6,3% no lucro do quarto trimestre de 2023, que foi para R$ 41 bilhões. A dívida finalizou o ano de 2023 é de R$ 303 bilhões - 8% acima de 2022, quando a empresa registrou R$ 280,7 bilhões de dívida bruta. O valor registrado em 2022 foi o menor já registrado pela empresa desde 2013, segundo a Elos Ayta.

O que aconteceu

O problema na queda do lucro foi a redução do preço internacional do petróleo. "As receitas vieram inferiores às nossas expectativas devido ao menor valor do barril tipo Brent", analisou a Ativa Investimentos. O petróleo Brent caiu 5,3% no quarto trimestre na comparação com período do ano anterior, para US$ 84,05 por barril, mostrou a companhia.

O lucro total da petroleira em 2023 ficou em R$ 136 bilhões, o que significa uma redução de 24,2% em relação a 2022, quando havia atingido recorde histórico entre todas as empresas brasileiras. Já o lucro líquido foi de R$ 124,6 bilhões, queda de 33,8%. Mesmo com a retração, o lucro em 2023 foi o segundo maior da história da Petrobras, de acordo com o balanço.

As grandes empresas do setor no mundo também vem apresentando quedas nessas mesmas linhas de receita, o que credito ao processo de transição energética
Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital

Embora tenha enfrentado uma redução de mais de 30% em reais e 28,7% em dólares, a Petrobras mantém sua posição como a segunda empresa mais rentável. A comparação é feita com uma seleção de 13 companhias do mercado internacional de petróleo, seguindo a Elos Ayta. O lucro da brasileira em dólares no ano de 2023 foi de US$ 25,7 bilhões, ficando atrás apenas da Exxon Mobil, que ficou com US$ 36,0 bilhões no mesmo período.

Como ficam os dividendos?

A estatal não vai fazer distribuição extraordinária de dividendos, como vem fazendo há quase três anos. "Serão pagos apenas os dividendos que ela distribui normalmente, mas ainda assim um número menor", explica Fernandes.

Continua após a publicidade

Ela deve pagar R$ 14,2 bilhões de dividendos referentes ao último trimestre, chegando a R$ 72,4 bilhões pagos no ano, corrigidos pela taxa Selic. Todo o lucro restante depois do pagamento dos proventos ordinários irá para a reserva. "O endividamento aumentou levemente, mas ainda abaixo dos US$ 65 bilhões que impediriam distribuições de dividendos", diz Mateus Haag, da Guide Investimentos.

Nos últimos três anos, a estatal distribuiu dividendos significativos. Em 2022, a empresa foi a maior distribuidora de dividendos na América Latina e também entre empresas dos Estados Unidos. Entre 2010 e 2020, a Petrobras pagou R$ 59,2 bilhões. Mas em 2021, ela pagou R$ 72,7 bilhões, conforme a Elos Ayta.

E a queda nas ações?

Essa mudança vai provocar mais queda nas ações. A analise é de Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. "A alteração nos dividendos o mercado vê como uma intromissão do governo na empresa e ele não gosta disso", afirma o especialista.

Não é hora de vender, nem de comprar. A analise é do Itaú BBA, que classificou a ação como "market perform", um termo que indica desempenho em linha com a média do mercado. Essa também é a posição da Órama. "A gente mantém essa recomendação neutra daqui para frente", diz Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.

Mas para quem quer investir e ter retorno só no longo prazo, pode ser uma oportunidade. "A Petrobras está sem crescimento de produção desde 2018. Ela só varia para cima se o preço do petróleo sobe", explica Cleide Rodrigues, analista chefe da Money Wise Research. A retomada dos investimentos, segundo ela, pode ser boa para a empresa no futuro, diz ela.

Continua após a publicidade

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

Deixe seu comentário

Só para assinantes