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Casino vende ações: quem é o dono do Grupo Pão de Açúcar agora?

Com a emissão de 220 milhões de novas ações, o francês Casino perdeu o controle acionário do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3). A participação acionária dos franceses caiu de 40,09% para 22,4%, anunciou a companhia nesta quinta-feira (14). Com isso, veio a dúvida: quem é dono do Pão de Açúcar agora?

O que está acontecendo

Para levantar dinheiro e diminuir suas dívidas, o Pão de Açúcar vendeu novas ações. Em 31 de dezembro de 2023, a dívida líquida era de R$ 2,3 bilhões, um crescimento de R$ 193 milhões na comparação com o mesmo período de 2022. Com a emissão, a empresa levantou R$ 704 milhões. Assim, o capital social do GPA subiu para R$ 2,51 bilhões, dividido em 409,1 milhões de ações.

A venda implicou na perda de seu controle pelo grupo francês Casino. O grupo Casino tinha 40,9% das ações do grupo, e deve ficar com 22,5%. Com isso, ninguém é sócio majoritário da empresa. Não se sabe ainda a nova composição acionária da varejista. "A composição acionária será atualizada e divulgada no site da companhia na próxima semana", disse a empresa, por meio de sua assessoria de imprensa.

O que se sabe é que o ex-presidente do grupo, Ronaldo Iabrudi, comprou R$ 85 milhões em ações na oferta, ficando com 5,4% do total. "Mas outras acionistas, como a Nuveen e a SPX têm também o mesmo percentual", diz Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais.

É provável que o GPA se torne uma empresa de capital pulverizado. Isso quer dizer que ela não terá um bloco de controle definido. Isso não é incomum. A mais famosa mundialmente é a americana General Electric. No Brasil, a Vale (VALE3) e a Embraer (EMBR3) também têm controle acionário disperso.

Quem criou o Pão de Açúcar?

O Pão de Açúcar foi fundado em 1948, em São Paulo, pela família Diniz, de imigrantes portugueses. No início, era só uma padaria. Hoje, são mais de 700 lojas da rede Pão de Açúcar, Extra, Mini Extra, Minuto de Pão de Açúcar, entre outras bandeiras.

Abilio Diniz, filho do fundador, assumiu o comando do grupo na década de 1990 e deixou o GPA em 2013 - ele morreu este ano. "O mercado tinha esperança de o Abilio Diniz voltar para o GPA, mas infelizmente ele acabou falecendo em fevereiro", diz Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital.

Por que o grupo precisou vender ações?

Nos últimos anos, a empresa se endividou muito e teve prejuízos. Com isso, entrou em crise. No quarto trimestre de 2023, o GPA teve prejuízo líquido de R$ 303 milhões.

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Mas desde que o presidente Marcelo Pimentel assumiu em 2022, a dívida vem caindo. O montante do quarto trimestre, por exemplo, é 72,5% inferior ao prejuízo de R$ 1,10 bilhão reportado no mesmo intervalo de 2022. Diante disso, vendeu ativos para usar a receita no pagamento de dívidas. No ano passado, vendeu a participação no Assaí (ASAI3) por US$ 780 milhões. "Somando participações em empresas que ele vendeu, assim como terrenos, o Pão já levantou R$ 1,5 bilhão", diz Ariane. Vendeu lojas, sua participação no grupo colombiano Éxito e negocia a venda dos postos de gasolina.

O mercado também não gostava do Casino. Controlado por Jean-Charles Naouri, ao longo dos anos, o Casino tomou muito dinheiro emprestado. E as lojas não geram lucro suficiente. Mas a empresa devia no ano passado mais de 6 bilhões de euros (R$ 32 bilhões).

Como fica o GPA agora?

O mercado acredita que o Pão de Açúcar tem condições de deixar a crise para trás. "A saída do Casino do comando é muito positiva e a empresa agora vai focar nas lojas onde é mais eficiente", diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.

As ações estão em baixa. Nesta sexta-feira (15), elas estavam em queda de 2,13%, cotadas a R$ 3,21. No ano, acumulam queda de 19,21% e em 2023 caíram 40,66%, conforme a Elos Ayta.

Vale a pena comprar?

A corretora Genial aposta na compra. Com preço alvo de R$ 5,50 em 12 meses, a ação pode melhorar seu valor em 56,25%, segundo a analise da empresa. A XP, entretanto, é neutra: melhor não comprar, nem vender.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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