Por que Bolsa e petróleo não foram tão abalados pelo conflito Irã e Israel?
O mercado reagiu de forma relativamente calma ao aumento das tensões no Oriente Médio. O dólar está em alta no Brasil, mas o petróleo e Bolsas de valores não tiverem nenhuma reação drástica ao ataque com drones feito pelo Irã a Israel no sábado (13).
Por volta do meio-dia, o Ibovespa, que abriu em queda, foi para o positivo e subia 0,08%, para 126 mil pontos. O dólar, que chegou pela manhã a bater em R$ 5,20, nesse horário estava em alta de 1,13%, indo para R$ 5,17. O petróleo Brent apresentava ligeira queda de 0,75%, para US$ 90,51.
O que está acontecendo?
Na leitura do mercado, o ataque foi a reação mais branda que o Irã poderia ter tido. Na visão dos analistas, já era sabido que Israel poderia se defender bem dos drones com seu sistema antimísseis - 99% dos mísseis foram interceptados, diz Israel. "Foi uma sinalização de que o Irã estava descontente com o ataque feito anteriormente por Israel, mas sem causar muito estrago", diz William Castro Alves, economista e sócio da corretora digital Avenue.
O fato de os Estados Unidos terem pedido para Israel não retaliar também foi fundamental. "O mundo não tem interesse em uma guerra maior na região", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do AndBank.
Além disso, o petróleo já havia subido anteriormente, o que segurou uma possível escalada. Conforme dados da Investing.com, no mês, o barril do tipo Brent acumula alta de 2,07%. No ano, o petróleo já subiu 18,44%. "A alta provocada pelo risco geopolítico já estava embutida nos preços", diz André Vasconcellos, vice-presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri).
O que deve acontecer com o preço dos combustíveis
O valor do combustível pode ser afetado pelo temor de restrição de oferta. "Conflitos na região podem interromper a produção, afetando o fornecimento global e aumentando os preços do petróleo, especialmente porque o Irã é um dos maiores produtores globais e integrante da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a OPEP", explica Vasconcellos. O principal impacto na economia brasileira seria o aumento de preço de petróleo, segundo Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
Mas é difícil prever, porque não se saber como o conflito pode escalar. "Não estamos trabalhando com uma escalada drástica no conflito, então consequentemente, não estamos trabalhando com a disrupção no preço do petróleo, mas uma alta ou outra é possível sim. E o principal impacto disso seria na inflação. A gente teria uma tendência de inflação um pouquinho mais alta, que poderia atrapalhar um pouco o Banco Central no ciclo de corte de juros", diz Soares.
O dólar pode fazer os preços subirem?
Sim. O dólar é frequentemente visto como um porto seguro em tempos de incerteza geopolítica. É o que diz Sérgio Brotto, co-fundador e diretor executivo da Dascam Corretora de Câmbio. "Os investidores podem buscar o dólar como refúgio, o que poderia levar a uma valorização do dólar em relação ao real brasileiro. Isso poderia impactar a economia brasileira de várias maneiras, incluindo a inflação", explica ele. O preço de produtos básicos, as chamadas commodities, aumentam devido a preocupações com a oferta. "Isso poderia contribuir para pressões inflacionárias."
E a Bolsa?
O movimento causa a venda de ativos de risco. É o que diz Gustavo Zuquim, gestor de porfólio do Andbank. "Os investidores, além de irem para a moeda americana, vão para ativos menos arriscados como ouro (que subiu forte na sexta), a renda fixa (que também subiu)", afirma. Entretanto, a posição americana de apaziguar o conflito acalma os investidores, diz Bresciani, do AndBank.
No entanto, alguns investidores apostam numa possível recuperação das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4). Os ativos da empresa sofreram desde o inicio do ano uma queda de cerca de 17% e esse poderia ser o momento de recuperação, principalmente se os preços dos combustíveis forem reajustados.
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