Estrangeiros fogem da Bolsa, mas aumentam investimento no Brasil no ano
Os investidores estrangeiros já tiraram R$ 11,09 bilhões da Bolsa de Valores este ano, entre 2 de janeiro e 30 de abril. No mesmo intervalo do ano passado, houve o movimento contrário: uma entrada de R$ 13,67 bilhões. Os dados foram compilados pelo Banco Master. Por outro lado, empresas estrangeiras investiram mais em fábricas, maquinário e outros aumentou no ano.
Capital estrangeiro está fugindo da Bolsa
Ele está fugindo da Bolsa, já que os juros prejudicam os ganhos no mercado de renda variável. Todos os quatro meses de 2024 tiveram saldo negativo em relação ao capital estrangeiro na Bolsa brasileira, a B3. O último mês com saldo positivo, ou seja, com entrada de investimentos vindos de fora na Bolsa, foi dezembro de 2023, que fechou no azul, com R$ 17,65 bilhões, segundo dados da consultoria Elos Ayta. Confira:
- Janeiro: -R$ 7,90 bilhões
- Fevereiro: -R$ 8,77 bilhões
- Março: - R$ 5,23 bilhões
- Abril: -R$ 11,10 bilhões
Fonte: Elos Ayta
Com os juros brasileiros em patamares altos, o investidor prefere a renda fixa. Mas não é só isso: ele não vem para o Brasil. O dinheiro vai para os Estados Unidos, onde as taxas também estão altas. "Juros altos nos EUA dificultam a vida de todos os mercados emergentes em atrair capital", explica William Castro Alves, sócio e estrategista-chefe da Avenue. Ou seja: o investidor fica nos EUA onde a remuneração é maior e a segurança também.
Estrangeiro investe de olho no longo prazo
Já em outras áreas, o investimento estrangeiro cresceu. No Brasil, nos três primeiros meses deste ano, segundo o Banco Central, os estrangeiros trouxeram US$ 23,3 bilhões em investimentos ao país, contra US$ 21 bilhões no mesmo período de 2023. Uma alta de 11%.
Isso porque essa é uma estratégia de longo prazo. "O dinheiro que vem para Bolsa é mais tático. Ele entra num dia e sai no outro. Já os investimentos que somam esses US$ 23,3 bilhões são mais estratégicos, é um dinheiro que vem para implantação de fábricas, de maquinários de produção. É uma estratégia mais de longo prazo", explica Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, de Vitória.
O dólar também se valoriza. Frente ao real, a moeda americana já subiu este ano 4,66% (até sexta-feira 3), segundo a Elos Ayta. "Mesmo com melhor 'rating' pela agência Moody's, o estrangeiro não vem", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
A agência de classificação de risco Moody's anunciou no dia 1º de maio a manutenção da nota de crédito do Brasil em "Ba2". A decisão altera a perspectiva de 'rating' do país de "estável" para "positiva". A alteração foi motivada pela melhora das expectativas para o crescimento da economia nacional.
Mas os EUA não vão baixar os juros?
Vão, mas estão demorando. A cada dado divulgado da economia americana divulgado, fica mais claro que a inflação por lá ainda tem força, e por isso o Federal Reserve, o banco central americano vai postergando a data e a magnitude das futuras quedas nas taxas.
Isso também emperra a queda de juros aqui no Brasil. "Dessa maneira, o investidor local também acaba saindo da Bolsa", diz Bonani.
A situação pode mudar assim que os juros nos Estados Unidos começarem a cair. Para isso, o BC americano precisa levar a inflação para a meta de 2%. Mas a economia do país ainda mostra força, com um crescimento econômico forte e um mercado de trabalho aquecido, o eleva os preços dos produtos e serviços e dificulta a missão do Fed de chegar à meta de inflação.
Deixe seu comentário