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Bolsa está no pior nível desde novembro: para onde vai o mercado agora?

O Ibovespa teve o pior desempenho do ano novamente nesta quarta-feira (29), fechando a 122.707 pontos pontos, a pontuação mais baixa desde 14 de novembro do ano passado, quando o fechamento ficou em 123.779 mil pontos.

O índice fechou em baixa de 0,87%. No pregão anterior, da terça-feira (28) também fechou em baixa, com queda de 0,59%, a 123.048 pontos, batendo a mínima do ano (registrada em abril). Com isso, o mercado já prevê que o principal índice da Bolsa de São Paulo caia em breve de volta para os 120 mil pontos - patamar igual ao de sete meses atrás.

O que está acontecendo?

Existe uma tendência de baixa na Bolsa de Valores de São Paulo no curto prazo. É o que diz um relatório do Banco do Brasil sobre o que pode acontecer nos próximos meses. Segundo o BB, o Ibovespa pode sofrer "baixas mais acentuadas com objetivos mais claros próximos aos 120 mil pontos."

Voltar aos 120 mil pontos é uma possibilidade muito alta. É o que diz Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos.

Por que a Bolsa pode cair mais?

O problema é a taxa de juros, de novo. "Estamos à mercê dos juros e da inflação", diz Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos. Ao contrário do que o mercado esperava no começo de 2024, os juros podem voltar a subir ou parar de cair, tanto aqui quanto nos Estados Unidos, diz ele.

Na terça-feira, um dirigente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) colocou mais lenha na fogueira. John Williams, dirigente do Fed em Nova York, disse que os juros americanos podem voltar a subir. "Acredito que precisaremos manter uma postura política restritiva durante algum tempo a fim de atingir plenamente os nossos objetivos", disse.

Para Williams, reduzir juros só seria apropriado quando o Fed estiver confiante de que a inflação americana fique próxima de 2%. Em abril, a inflação anual americana ficou em 3,4%. Na sexta-feira (1) saem novos dados, bastante aguardados pelo mercado.

O que a inflação tem a ver com a Bolsa?

Com a inflação nos EUA, na Europa e aqui no Brasil, os juros não baixam. Se não baixam, as Bolsas caem. Isso porque juros mais altos significam dificuldades para as empresas e melhores ganhos para o investidor na renda fixa. Então, o fluxo de dinheiro sai dos mercados de renda variável.

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Por que a inflação está subindo no mundo

A atividade econômica está aquecida no mundo todo. O desemprego vem caindo e isso faz as pessoas gastarem mais. Aí os preços sobem.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,44% em maio. O índice, considerado a prévia da inflação oficial do país, foi divulgado nesta terça-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra que o IPCA acumula alta de 3,70% nos últimos 12 meses. No ano, a inflação está em 2,12%. Em maio de 2023, o indicador teve alta de 0,51%.

Então os juros não vão mais cair?

O mercado está cético quanto a isso: para a maioria dos analistas, os juros americanos só devem cair no ano que vem. Aqui, a Selic pode ficar no mesmo patamar ou voltar a subir levemente.

Sendo assim, até o fim do ano, a Bolsa deve continuar em baixa, reagindo só nos últimos meses de 2024. É o que diz Ariane Benedito, Economista Especialista em Mercados de Capitais. Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos, também acredita nisso. "A trajetória de queda dos juros foi empurrada para mais para frente", diz ele.

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Por isso, mesmo que o Ibovespa caia agora, ele deve gerar bons ganhos no fim do ano. Ariane e Saadia preveem que a possibilidade de queda de juros americanos no início de 2025 deve começar a aquecer a Bolsa já entre novembro e dezembro, o que faria o Ibovespa encerrar 2024 aos 140 mil pontos. Esse patamar é a mesma expectativa da XP Investimentos.

E por que essa semana está tão ruim?

Há pouca negociação na Bolsa brasileira agora, o que a deixa mais sensível. "Os investidores estrangeiros estão saindo e com os feriados desta semana (Memorial Day, na segunda, nos EUA e o de Corpus Christi no dia 30, aqui), ela vem caindo mais", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank,

Por conta desse esvaziamento e dos juros, até o início do quarto trimestre, a Bolsa deve continuar sofrendo. "O Ibovespa depende muito do minério e os preços estão em queda", diz Ariane. Mesmo com a recente alta do petróleo, a Bolsa não deve reagir até novembro. "Essa alta não tem força suficiente para compensar a queda de produtos básicos, as commodities", diz Ariane.

O que fazer com as ações agora?

A ordem é esperar: sacar investimentos agora é ter prejuízo, mas comprar pode ser uma boa. "A Bolsa está muito barata e as empresas apresentaram bons balanços", diz Saadia.

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Por enquanto, as ações que mais devem cair no curto prazo são as de varejo. "Essas e as de setores de estatais, como saneamento e energia", diz Meira, da Valor Investimentos. A situação de maiores gastos e menor arrecadação é o que prejudica essas companhias.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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