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Petrobras: escândalo de corrupção causou perdas de R$ 6,2 bi

22/04/2015 21h40

Rio de Janeiro, 23 Abr 2015 (AFP) - O maior escândalo de corrupção da história do Brasil custou à Petrobras 6,2 bilhões de reais, informou nesta quarta-feira a maior empresa brasileira, que tenta dar um primeiro passo para recuperar a confiança do mercado e do país.

A gigante brasileira do petróleo informou, ainda, um prejuízo de 21,6 bilhões de reais no ano passado com relação a 2013, ao difundir pela primeira vez resultados financeiros de 2014, auditados pela PricewaterhouseCoopers (PwC), que incluíram as perdas causadas pela rede de corrupção entre 2004 e 2012.

A companhia comunicou que sofreu uma desvalorização de ativos por 44,6 bilhões de reais, entre outros motivos, pelo adiamento de projetos de refinaria e a queda do preço internacional do petróleo.

No terceiro trimestre de 2014, as perdas foram de R$ 5,3 bilhões.



Desafio: recuperar a confiançaA publicação destes resultados é "um passo fundamental na direção do pleno resgate da credibilidade da companhia", disse a jornalistas o presidente da empresa, Aldemir Bendine, na sede da companhia, no Rio de Janeiro.

Bendine assegurou que o "segundo desafio" da Petrobras "será uma revisão do plano de negócios" para os próximos cinco anos, que será divulgado em 30 dias.

Para Daniel Marques, chefe de análise da consultoria Gradual Investimentos, o principal problema da Petrobras é de confiança.

"Pode ser um excelente primeiro passo, mas não quer dizer nada por si só. O problema da Petrobras não é petrolífero ou financeiro, mas de confiança. Antes de tudo, a empresa precisa recuperar sua credibilidade porque, hoje, o mercado não acredita nela", explicou, em declarações à AFP.

Para chegar às perdas de R$ 6,2 bilhões com corrupção, a estatal calculou um sobrepreço de 3% em contratos com 27 empresas que integravam um cartel que pagava suborno a diretores da Petrobras em troca de contratos, entre 2004 e 2012.

Também foram acrescentados ao cálculo os valores específicos de propina paga por empresas que não integravam o cartel, com base em depoimentos dos acusados à polícia.

Segundo analistas, esta 'limpeza' ajudará a Petrobras a evitar um default parcial de sua imensa dívida de quase US$ 140 bilhões, a recuperar sua credibilidade e o acesso aos mercados.

A Petrobras adiou duas vezes a publicação de seus resultados financeiros do terceiro trimestre de 2014, prevista inicialmente para novembro, porque a PwC se negou a assinar o balanço por causa do mega-escândalo de corrupção.



Suborno em troca de contratosA justiça brasileira investiga um esquema de corrupção que fornecia contratos superfaturados a um cartel de empresas. Os contratos superfaturados geravam pagamento de propina ou "doações" destinadas a financiar partidos políticos, sobretudo o Partido dos Trabalhadores (PT), segundo depoimentos de envolvidos no caso.

Um dos acusados de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras é o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso na semana passada.

Treze senadores, 22 deputados, dois governadores e vários ex-funcionários do Poder Executivo também são investigados por corrupção na Petrobras, que passou de orgulho nacional a símbolo do flagelo que corrói as instituições públicas nacionais.

Por causa do escândalo, várias agências de classificação internacionais reduziram nos últimos meses a nota da empresa. A Moody's a reduziu a grau especulativo.

A companhia anunciou um plano de desinvestimento de 13,7 bilhões de dólares para 2015 e 2016, a fim de gerar fluxo de caixa, e garante que tem satisfeitas as necessidades de financiamento para este ano.

A crise na Petrobras, que tem o maior plano de investimento empresarial do mundo com a meta de explorar as reservas do pré-sal, situadas 6 km sob o leito marinho, repercutiu em dezenas de pequenas e grandes empresas, cuja vida depende da estatal. Muitas quebraram - com centenas de trabalhadores demitidos - e estão proibidas de participar de negócios vinculados à petroleira por causa do escândalo.

Alguns analistas consideram que a exploração do pré-sal não será viável caso os preços do petróleo continuem caindo. Bendine insistiu, nesta quarta-feira, em que a empresa não pensa em se desfazer de ativos do pré-sal.