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Dilma chega ao Chile para ampliar relação comercial

26/02/2016 21h12

Santiago, 27 Fev 2016 (AFP) - A presidente Dilma Rousseff iniciou nesta sexta-feira uma visita de dois dias ao Chile, com o objetivo de reforçar a cooperação - sobretudo em matéria de infraestrutura - e de ampliar os acordos econômicos para áreas como os serviços financeiros e as compras governamentais.

"Em um momento de crise, de queda nos preços das commodities e de desaceleração das economias emergentes e de crises mais profundas, temos de cooperar", afirmou Dilma, em um comunicado à imprensa ao final de uma reunião com a presidente chilena, Michelle Bachelet, no Palácio presidencial La Moneda, em Santiago.

A cooperação "é um caminho que sem dúvida leva a um melhor desenvolvimento econômico e à criação de emprego para nossas sociedades", acrescentou Dilma, que elogiou a iniciativa do Chile de estimular a aproximação entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, uma zona de livre-comércio integrada por Chile, Colômbia, México e Peru.

Nesse sentido, Dilma considerou "estratégica" a iniciativa de se estabelecer um corredor bioceãnico entre o porto brasileiro Murtinho, no Mato Grosso do Sul, e as cidades do norte chileno Antofagasta e Iquique, para avançar na integração física sub-regional.

"Este corredor é estratégico", porque vai permitir uma articulação inter-regional, unindo os portos do Atlântico e do oceano Pacífico e permitindo o acesso aos mercados de Europa, África, Estados Unidos e asiáticos, explicou Dilma Rousseff.

"A convergência na infraestrutura será fundamental, porque permitirá a aproximação física e, em qualquer marco de integração regional, isso significa mais volume de comércio", insistiu.

Já no plano comercial, ambas as presidentes concordaram em promover um acordo sobre compras governamentais - que permitirá que as empresas chilenas concorram a licitações públicas no Brasil - e outro sobre serviços financeiros. O Brasil já tem acordo nessa mesma área com México e Colômbia.

- 'Amiga presidenta' - Preparada de última hora, essa é a primeira viagem da presidente Dilma durante o segundo mandato de sua colega chilena. Além de compartilharem a ideologia e a sensibilidade pelos temas sociais, assim como o passado de luta pelas liberdades - ambas foram torturadas durante as ditaduras de Brasil e Chile - compartilham dificuldades em casa por uma mesma causa: a corrupção.

Enquanto Dilma Rousseff corre o risco de enfrentar um possível processo de impeachment, a popularidade de Bachelet se volatilizou por um caso de corrupção que atinge sua nora Natalia Compagnon.

Em sua mensagem conjunta à imprensa, cada uma se referiu à outra como "amiga presidenta".

"Chile e Brasil não apenas compartilham uma longa história de amizade, como também contamos com um diálogo político muito fluido para projetar nossas relações bilaterais", disse Bachelet na mensagem.

Além da sintonia das duas presidentes, Brasil e Chile mantêm posições similares em vários assuntos da agenda internacional, tanto em matéria de drogas e de direitos humanos, quanto de ONU e Haiti, onde integram as forças de pacificação.

O Brasil é o principal destino dos investidores chilenos no exterior, tornando-se o quarto maior investidor estrangeiro no país, com um montante acumulado de 26,187 bilhões de dólares, equivalente a 26,2% do total nacional, de acordo com os dados oficiais chilenos. O Chile, por sua vez, é o segundo principal destino para as exportações brasileiras no continente.

- Destino confiável - "O Brasil se mantém como um mercado atrativo e confiável para o investidor estrangeiro", afirmou Dilma em entrevista concedida ao jornal El Mercurio de Santiago.

A queda dos preços das matérias-primas, que durante uma década cimentaram o crescimento não apenas do Brasil e do Chile, mas da maioria dos países latino-americanos, também está prejudicando fortemente suas respectivas economias, embora de forma desigual.

Enquanto a economia brasileira recuou 3,8% no ano passado e espera para 2016 uma queda de 2,9% do PIB, a chilena cresceu em 2015 apenas em torno aos 2%, prejudicada pela queda dos preços do cobre, sua principal exportação.

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