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Chile reivindica a 'paternidade' do pisco

10/05/2016 19h42

Santiago, 10 Mai 2016 (AFP) - Depois de resgatar arquivos do século XVIII, produtores chilenos afirmam que o pisco, um aguardente de uva, nasceu no Chile e não no Peru, revivendo uma antiga rivalidade entre os países que defendem com unhas e dentes a paternidade da bebida.

Alguns investigadores, liderados por Pablo Lacoste, descobriram no Arquivo Nacional de Santiago um documento feito pelo escrivão do Império Espanhol em 1773 registrando a existência de três vasilhas com a bebida na fazenda La Torre, no Valle del Elqui, no norte chileno.

"A evidência documental estabelece que o pisco é um tipo de aguardente de uva que começou a ser feita no Chile no século XVIII", afirmou Lacoste.

Historiadores peruanos refutaram esta versão, assegurando que no Peru existem registros da elaboração do pisco em 1613.

"A notícia mais antiga é a de Pedro Manuel 'O Grego'", considerado o primeiro produtor de pisco do Peru, disse à AFP o historiador peruano, Eduardo Dargente, que reconhece que nessa época não se usava o termo pisco.

"O porto de Pisco está no Peru", de onde o licor tem a sua denominação, assegura à AFP José Moquillaza, especialista peruano em pisco.

A origem do pisco é uma antiga disputa entre Chile e Peru, e objeto de piadas nos dois países, onde também se reivindica a qualidade da bebida e o melhor preparo de um coquetel a base de limão chamado "pisco sour".

No Chile, há uma semana um apresentador do noticiário 24 horas da Televisão Nacional foi demitido depois de entrevistar um produtor peruano que disse "pisco peruano", provocando queixas dos produtores chilenos ao canal. Ele foi demitido depois de quatro anos de trabalho, segundo denúncia do jornalista.

Para além das disputas, o Chile é um dos principais exportadores do pisco peruano, junto com os EUA.

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