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Didi Chuxing compra Uber China e encerra batalha

01/08/2016 09h38

Pequim, 1 Ago 2016 (AFP) - As atividades na China do aplicativo americano de transporte Uber serão absorvidas por seu concorrente local Didi Chuxing, uma operação que encerra uma guerra entre as empresas.

A Didi Chuxing anunciou nesta segunda-feira o acordo, que segundo a agência Bloomberg News criará uma nova empresa avaliada em 35 bilhões de dólares.

De acordo com um comunicado divulgado pela Didi, o Uber e seus sócios chineses terão 20% das ações da nova estrutura.

"Aprendemos muito um com o outro nos últimos dois anos na florescente economia chinesa", afirmou o presidente da empresa asiática, Cheng Wei.

O comunicado destaca que o Uber China poderá manter seu nome e que a Didi terá "uma participação minoritária" no capital do Uber, sem revelar detalhes.

Os dois grupos travaram uma batalha, com milhões de dólares de subsídios a passageiros e acusações pesadas, para tentar controlar um dos mercados mais dinâmicos do mundo.

Mas agora os fundadores das duas empresas decidiram deixar de lado a disputa, abrindo espaço em seus respectivos comitês de administração: Cheng Wei integrará a diretoria do Uber e o presidente do Uber, Travis Kalanick, terá vaga no comitê da Didi Chengxun.

O acordo deixa, de fato, o mercado chinês nas mãos da Didi.

De acordo com a Bloomberg, Didi Chuxing investirá um bilhão de dólares no Uber, o que deixará a avaliação da empresa americana em 68 bilhões de dólares.

O Uber anunciou no início do ano que suas operações na China provocavam perdas de um bilhão de dólares ao ano. Os analistas calculam que os prejuízos da Didi eram equivalentes.

Kalanick expressou satisfação em uma página no Facebook.

"Muitas pessoas pensavam que éramos ingênuos, loucos ou as duas coisas por tentar entrar no mercado chinês, contra o que se chocaram a maioria das empresas americanas de internet", escreveu.

O Uber, que entrou na China em 2014, conseguiu estabelecer sua presença em 60 cidades e captar uma demanda de quase 60 milhões de viagens semanais.

"Mas, como empresário, aprendi que o sucesso vem tanto de ouvir o que diz a cabeça como o que indica o coração e que os negócios só podem ser mantidos se forem rentáveis", afirmou, antes de explicar que apenas a fusão oferece a perspectiva de "recursos substanciais".

A operação foi anunciada poucos dias depois da divulgação de novas normas para o transporte privado.

Entre as normas figura a proibição de que os aplicativos de transporte ofereçam serviços abaixo de seus custos, o que deve reduzir a margem dos subsídios como os quais as duas empresas estimulavam sua atividade.

Risco de monopólioDidi, que afirma controlar 90% do mercado, anunciou no mês passado ter obtido 7,3 bilhões de dólares, sendo um bilhão procedente da Apple, em uma das operações de financiamento mais importantes do mundo.

O Uber se tornou uma das empresas emergentes mais valorizadas do mundo, presente em 50 países, mas também enfrenta problemas legais e protestos dos taxistas, em particular na Europa e América Latina.

Vários analistas afirmam que o novo grupo poderia criar uma situação de quase monopólio na China.

Outros consideram a operação uma capitulação do Uber.