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Economia dos EUA ganha impulso antes das eleições presidenciais

28/10/2016 19h54

Washington, 28 Out 2016 (AFP) - A economia dos Estados Unidos ganhou impulso no último trimestre e teve seu maior crescimento em dois anos durante a campanha para as presidenciais de 8 de novembro.

A apenas 10 dias de uma eleição em que a economia é o grande tema, o departamento de Comércio informou nesta sexta-feira que entre julho e setembro o PIB cresceu 2,9% graças às exportações e ao consumo. O crescimento foi maior do que os 2,5% que esperavam os analistas.

Imediatamente, encarregados da campanha da candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, disseram que este resultado mostra que os Estados Unidos estão se recuperando da crise financeira de 2008-2009. Acrescentaram que Hillary pretende criar mais empregos fomentando obras de infraestrutura.

"Com mais de 15 milhões de empregos criados desde o começo de 2010 e com a receita real média crescendo mais de 5% no ano passado, é notório que fizemos progressos reais desde a crise", disse Jacob Leibenluft, assessor econômico da candidata.

Até agora a equipe do candidato republicano, Donald Trump, que percorreu os Estados Unidos dizendo que a economia está "quebrada" e promete medidas para acelerar el crescimento, não comentou os dados.

O relatório pode aumentar a pressão para que o Federal Reserve (Fed) eleve neste ano a taxa de juros, decisão adiada desde dezembro de 2015.

A maioria dos analistas acreditam que o Fed no elevará os juros na semana que vem, mas, sim, em dezembro.

Lawrence Yun, economista-chefe da associação de agentes imobiliários dos Estados Unidos, pediu cautela, na medida que o crescimento econômico desde a crise financeira foi em média de 2% anual.

"O Federal Reserve poderia cair na tentação de apressar a elevação dos juros devido aos bons dados do PIB", disse, mas deveria considerar o "desemprego abaixo do normal" da economia nos últimos seis anos.

Em sua estimativa inicial do PIB, o departamento de Comércio informou que as exportações subiram 10% no trimestre julho-setembro. Esse aumento é o maior em três anos e liderou o crescimento geral da maior economia do mundo.

O consumo pessoal também ajudou. O gasto subiu 2,1% no trimestre apesar desse percentual ter sido a metade do registrado no trimestre passado.

A soja e os resultadosAlguns economistas consideram exagerados os resultados e acreditam que poderiam ser revisados em baica nos próximos dois meses.

"Provavelmente esses dados supervalorizam significativamente o crescimento", disse Ian Shepherdson, economista-chefe da firma Pantheon Macroeconomics.

Deu como exemplo as exportações de soja. "A principal cifra do PIB parece boa, mas o auge das exportações de soja pode se reverter no quarto trimestre e isso seria um significativo vento contrário", apontou.

Jim O'Sullivan, economista da High Frequency Economics, concordou.

"O auge das exportações agrícolas parece extremo. Ainda assim, os dados só reforçam a impressão de que a tendência de crescimento continua sendo suficientemente forte para continuar melhorando o mercado de trabalho; uma condição-chave para que o Fed endureça" sua política monetária, disse.

O economista-chefe da Casa Branca, Jason Furman, apontou que a recuperação dos preços do petróleo nos últimos meses aliviou um pouco o peso dos menores investimentos do setor energético.

Também observou que os investimentos das empresas influenciaram muito, "apesar de continuarem sendo modestos devido ao menor crescimento da economia mundial".

O investimento do setor privado teve uma alta de 3,1% no terceiro trimestre e foi a primeira depois de três trimestres de queda.

O indicador de inflação-chave do relatório, o índice de preços de consumos pessoais, aumentou a uma taxa anual de 1,4% e, excluindo-se alimentos e preços da energia, o crescimento foi de 1,7%. Ambos os resultados foram menores que os do trimestre anterior.

O Fed tem como meta de política monetária chegar a uma inflação de 2%, nível considerado ótimo para a saúde da economia.