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O yuan tem a maior desvalorização em oito anos

Getty Images
Imagem: Getty Images

15/11/2016 14h38

Pequim, 15 Nov 2016 (AFP) - O yuan caiu nesta terça-feira (15) ao seu menor valor em oito anos diante de um dólar fortalecido pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, uma pressão que complica os esforços das autoridades chinesas para estabilizar e internacionalizar sua moeda.

O Banco Central chinês (PBOC) fixou nesta terça um câmbio de 6,8495 yuans o dólar, 0,30% a menos do que no dia anterior e a taxa mais baixa desde setembro de 2008.

A China administra a taxa de câmbio de sua moeda com uma taxa de referência fixada pelo PBOC e cujo valor pode flutuar em no máximo 2%.

Após a decisão, o yuan caiu, como últimos dias, e nos intercâmbios internos fechou o dia a 6,8530 yuans o dólar (-0,18%).

A queda da moeda chinesa, oficialmente conhecida como renminbi, se explica pela recuperação do dólar após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos. "Até o momento o dólar é o protagonista", disse à AFP Michael Every, um analista da Rabobank.

A eleição de Trump poderia fazer baixar ainda mais o yuan. Os investidores acreditam não só em um aumento dos juros pelo Federal Reserve (Fed), como também que o novo presidente estimulará o gasto público, gerador de inflação e do aumento das taxas de juros.

"O yuan poderá cair muito mais se o presidente Trump implementar planos maciços de estímulo e medidas protecionistas", explica Michael Every, que prevê uma queda de até 7 yuans por dólar.

O Banco Central chinês terá que enfrentar a frágil recuperação da economia chinesa, a liberalização progressiva de seu mercado financeiro e suas próprios tentativas de estabilizar o yuan para fomentar seu uso internacional.

Desde a desvalorização de 5% em 2015 aprovada pelo governo, a moeda chinesa continua sob pressão pelas enormes fugas de capital.

"Muitos capitais podem ainda sair da China através do reembolso de dívidas em dólares ou de compras de ativo no exterior", resume Dariusz Kowalczyk, economista do Crédit Agricole.

"Até agora o volume de intercâmbio de iuanes se mantém em um nível muito elevado, o que costuma coincidir com o aumento das saídas de capitais", explica Jason Daw, da Société Générale.

Para evitar isso, as autoridades de Pequim podem endurecer ainda mais os movimentos de capitais, em contradição com sua vontade declarada de abrir seu mercado financeiro.

Embora um yuan fraco possa impulsionar as exportações chinesas, um motor crucial para a economia, também pode ter consequências devastadoras.

"Uma desvalorização forte do renminbi aumentaria as fugas de capitais e intensificaria a pressão sobre as reservas cambiais" que o banco central utiliza para comprar iuanes e apoiar sua própria moeda, explica à AFP Liao Qun, economista do Citic Bank.

Em setembro o iuane passou a fazer parte da cesta de moedas do Fundo Monetário Internacional, etapa-chave para sua internacionalização. "Mas se o mercado perder a confiança na la divisa, todo o processo poderá descarrilar", adverte Liao Qun.