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BID recomenda mais integração para a América Latina enfrentar recessão comercial

17/11/2016 18h57

Buenos Aires, 17 Nov 2016 (AFP) - A América Latina deve aprofundar a integração regional se quiser enfrentar os efeitos negativos de um ciclo recessivo no comércio internacional, segundo um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), apresentado nessa quinta-feira em Buenos Aires.

É necessária "uma mudança radical nos mecanismos de integração regional para enfrentar a realidade de um ciclo recessivo que já dura quatro anos", argumentou o economista Paolo Giordano, ao apresentar o Monitoramento de Comércio e Integração 2016 elaborado pelo Instituto para a Integração da América Latina e do Caribe (Intal) do BID.

"O panorama é preocupante, o motor de crescimento da América Latina estagnou, deve ligar seus motores. É um chamado de atenção para as agendas dos governos", disse o especialista.

Segundo o estudo, a queda do comércio dá sinais de desaceleração, mas não de reversão de tendência e em 2016 atingiu também o comércio de serviços.

Em 2015, a América Latina sofreu uma queda de 15% nas exportações de bens e ainda desacelerou em 2016 (8,5% a julho).

"A retração da demanda mundial afeta mais a América Latina que o resto do mundo", afirmou Giordano, alertando que isso impacta de forma negativa a balança de conta corrente dos países.

Segundo o estudo, as perspectivas para a América Latina são negativas, afetadas pela forte volatilidade dos mercados e a alta das taxas de câmbio, o que aponta para uma "conjuntura complicada suscetível de desatar políticas protecionistas".

"O ambiente político também está se tornando desafiador, não só pelas mudanças nos Estados Unidos como também na Europa", disse Giordano, referindo-se à vitória de Donald Trump.

"Há uma oportunidade, incentivos para os acordos de integração em um mundo cada vez mais difícil. Há um espaço de integração na América Latina que foi perdido de vista pelo boom das comodities e agora que terminou fica muito evidente", disse.

Nesse sentido, considerou que o Brasil continua sendo "a locomotoiva da América Latina", e que a integração com o México seria uma grande oportunidade.

"O México vive de costas para a América Latina, e o resto dos países da região não enxergam o potencial que tem", disse.

Na sua opinião, a mudança política nos Estados Unidos pode resultar em uma oportunidade.

"A recomendação é não ver os acordos (comerciais) como muros que nos prendam no interior, mas como plataformas que nos projetem ao exterior", disse.

Um relatório divulgado no mês passado pelo Intal e pelo instituto de pesquisas regional Latinobarómetro, na América Latina, 77% da população apoiam uma maior integração econômica, 60% defendem mais união política, embora desconfiem de seus governos.