IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Economia britânica surpreende por seu vigor pós-Brexit

17/11/2016 14h21

Londres, 17 Nov 2016 (AFP) - A economia do Reino Unido mostrou de novo seu dinamismo depois da decisão de abandonar a União Europeia através dos bons resultados das vendas a varejo em outubro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira.

As vendas a varejo subiram 1,9% em relação a setembro, impulsionadas em particular pelo apetite dos consumidores pelo vestuário, anunciou o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS).

Os economistas pesquisados pela Bloomberg não esperavam mais do que um aumento de 0,5%.

Os consumidores não parecem preocupados com a incerteza que rodeia a saída da União Europeia, ainda que as negociações formais entre Londres e Bruxelas não tenham começado.

"Muita gente esperava que o gasto dos consumidores fosse ser afetado pelas discussões em torno do Brexit, mas, assim como os dados de ontem sobre o desemprego, parece que o Brexit não será um fator de peso no gasto" por enquanto, disse James Hughes, analista da GKFX.

"O gasto semanal médio experimentou, inclusive, seu pico anual em outubro, impulsionado pelas vendas relacionadas com o Halloween nos supermercados e com as temperaturas mais baixas propícias às vendas de roupa", acrescentou.

Este dado é especialmente tranquilizador e se soma a outros dois muito bons publicados na terça e quarta-feira pela ONE.

A inflação desacelerou ligeiramente até 0,9% em outubro em relação ao ano anterior, enquanto a taxa de desemprego reduziu ligeiramente até 4,8% durante o período de três meses, que terminou em setembro, seu nível mais baixo desde 2005.

Já durante o verão, a economia britânica desmentiu a maioria dos analistas que esperavam dificuldades imediatas caso o Brexit vencesse no referendo de 23 de junho.

Assim, o crescimento do produto interno bruto no terceiro trimestre (julho a setembro) foi de 0,5% em relação ao anterior.

O pior pode estar por virPorém, muitos economistas advertem que a atividade do país sofrerá as consequências adversas do Brexit a partir de 2017, quando as empresas forem mais resistentes a investir pelas incertezas provocadas por esta saída sem precedentes.

Os consumidores podem sofrer, também, com um forte aumento da inflação pela queda da libra, mas cujos efeitos não se manifestaram.

Os analistas assinalam que poderia acontecer de os salários não seguirem o ritmo de aumento dos preços, que será de 2,8% no final de 2017, segundo estimativas do Banco da Inglaterra.

Como resultado, o poder aquisitivo das famílias poderia cair e, com isso, o consumo.

Para fazer frente a esse risco, o ministro das Finanças, Philip Hammond, incluirá medidas de apoio às famílias na tradicional revisão do orçamento que se faz a cada outono e que ocorrerá na quarta-feira.