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Grupo extremista Estado Islâmico reivindica atentado em Berlim

20/12/2016 18h06

Berlim, 20 dez 2016 (AFP) - O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta terça-feira o atentado contra uma feira natalina em Berlim, onde um caminhão foi lançado na multidão, deixando 12 mortos e 48 feridos, reportou a Amaq, a agência de propaganda da organização.

"Um soldado do EI executou a operação de Berlim, em resposta aos apelos de visar cidadãos de países da coalizão internacional" que luta contra o EI, destacou a agência, em Beirute (Líbano).

Mais cedo, a chanceler alemã, Angela Merkel, já tinha confirmado que o massacre resultou de um "ataque terrorista".

A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos e do qual a Alemanha participa, realiza bombardeios aéreos sobre posições do EI nas regiões que os extremistas ocupam no Iraque e na Síria.

Um dia depois do atentado, a polícia berlinense não estava certa de que o demandante de asilo paquistanês detido inicialmente como suspeito tenha sido o autor do atentado, e devido à falta de provas, a Justiça o liberou. Sendo assim, o verdadeiro responsável pelo ataque estaria foragido.

"Talvez tenhamos um criminoso perigoso na região e isto, obviamente, deixa as pessoas nervosas", advertiu o chefe da polícia berlinesa, Klaus Kandt.

"Obviamente, estamos aumentando as medidas de segurança. Agora é necessário [adotar] um nível de alerta elevado", acrescentou.

Executado em um país que até agora não tinha sofrido atentados de grande magnitude, o ataque com um caminhão lembra, pelas circunstâncias, o cometido no balneário francês de Nice, há cinco meses, no Feriado da Bastilha, e que deixou 86 mortos.

O balanço até o momento do ataque em Berlim é de 12 mortos e 48 feridos, 24 dos quais continuavam internados na noite desta terça-feira (hora local), alguns em estado grave.

O suspeito inicial do ataque era um paquistanês que chegou à Alemanha em 31 de dezembro de 2015 pela rota dos Bálcãs e "registrado em Berlim em fevereiro" como demandante de asilo, informou mais cedo o ministro do Interior, Thomas de Maizière.

"Ele nega o crime. A investigação continua", afirmou Maizière, destacando não haver reivindicação por parte do grupo Estado Islâmico (EI).

A polícia e a procuradoria federal indicaram que o requerente de asilo provavelmente não foi o autor do crime e ele foi libertado por falta de evidências, informou a procuradoria.

"A perícia da polícia forense não conseguiu estabelecer até agora a presença do suspeito na cabine do caminhão", acrescentou a fonte.

Um dia após o atentado, a confusão continua reinando. A procuradoria antiterrorista está a cargo das investigações, e a polícia realizou buscas nesta terça-feira em um dos principais centros de refugiados de Berlim, no antigo aeroporto de Tempelhof, onde o suspeito pode ter se escondido.

Sangue e corposAntes de surgirem dúvidas da polícia sobre a identidade do suspeito, Angela Merkel considerou "que para nós seria particularmente difícil de suportar se for confirmado que este ato foi cometido por uma pessoa que pediu proteção e asilo na Alemanha".

Logo após o ataque, Angela Merkel recebeu uma enxurrada de críticas sobre sua política de imigração generosa.

"Estes são os mortos de Merkel!", denunciou em sua conta no Twitter um dos líderes do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AFD), Marcus Pretzell.

"A Alemanha não é mais segura" face "ao terrorismo do Islã radical", acrescentou outro membro da AFD, Frauke Petry, questionando a decisão do chanceler de abrir as portas do país em 2015 para quase 900.000 refugiados que fugiam da guerra e da pobreza, originários principalmente do mundo muçulmano. Aproximadamente 300.000 chegaram em 2016.

A tragédia ocorreu perto da Igreja Memorial, monumento da capital alemã com seu campanário destruído pelos bombardeios na Segunda Guerra Mundial. O caminhão foi evacuado na terça de manhã.

"Eu só vi este enorme caminhão preto que cruzou o mercado e atropelou muitas pessoas, então todas as luzes se apagaram e tudo estava destruído", relatou uma turista australiana, Trisha O'Neill.

"Havia sangue e corpos por toda parte", incluindo de crianças e idosos, acrescentou.

"Nós vimos pessoas sendo transportadas em ambulâncias, uma e outra vez, e parecia não ter fim", declarou outra turista, Sabrina Glinz, ao canal britânico Sky News.

Corpos identificadosEntre os mortos, seis eram alemães, segundo a Polícia. A identificação dos demais continua.

Um deles, encontrado na cabine do caminhão, foi "morto com um tiro", e poderia ser o verdadeiro motorista que teria sido rendido pelo atacante, segundo um porta-voz do ministério regional do Interior.

As reações de solidariedade se multiplicaram, da França aos Estados Unidos, enquanto a Europa tem sido alvo frequente de ataques reivindicados por grupos extremistas islâmicos.

O presidente russo, Vladimir Putin, se disse "chocado" com a "brutalidade e o cinismo" do ataque.

O uso de veículos, especialmente caminhões, para atropelar multidões de "infiéis" e fazer o máximo possível de vítimas é uma tática defendida pelos grupos extremistas.

Em sua revista online Inspire, em setembro de 2014, o grupo da Al-Qaeda na Península Arábica (AQAP) escreveu: "A ideia é usar um veículo grande. Você pode usar uma pick-up, a maior e melhor possível. Para causar o máximo dano, você deve dirigir tão rápido quanto possível, mantendo o controle do veículo para obter o máximo de inércia e poder atropelar tantas pessoas quanto possível".

Embora tenha sido poupada até agora de ataques de magnitude, a Alemanha foi alvo de vários ataques de extremistas islâmicos foram cometidos recentemente pelos chamados "lobos solitários".

O EI reivindicou dois ataques em julho, que deixaram vários feridos, um com bomba e outro com uma faca, cometidos por um sírio de 27 anos e por um requerente de asilo de 17 anos, provavelmente afegão.

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