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Samsung, uma história marcada por escândalos

Lee Jae-yong, herdeiro da Samsung, foi preso por suspeita de corrupção - Yonhap/AFP Photo
Lee Jae-yong, herdeiro da Samsung, foi preso por suspeita de corrupção Imagem: Yonhap/AFP Photo

17/02/2017 15h44

Seul, 17 Fev 2017 (AFP) - Desde o seu modesto começo há 79 anos, o gigante sul-coreano Samsung teve uma existência agitada. Tanto o pai fundador do conglomerado, como seu filho e seu neto estiveram envolvidos com a Justiça.

A Samsung, que significa "três estrelas" em coreano, é atualmente um império tentacular que pesa 20% do PIB (Produto Interno Bruto) da Coreia do Sul. Domina a vida econômica até tal ponto que os sul-coreanos fazem piada com a "República da Samsung".

Isso não impediu que três gerações de dirigentes tenham sido acusadas de diversos delitos, como evasão de divisas e corrupção.

O último escândalo até agora foi a detenção provisória do herdeiro do império, Lee Jae-yong, de 48 anos, no contexto de um grande escândalo de corrupção e tráfico de influência, que resultou no impeachment da presidente Park Geun-hye.

Vice-presidente da Samsung Electronics, maior fabricante de smartphones do mundo, Lee é acusado de ter pago quase US$ 40 milhões em subornos à pessoa de confiança de Park, em troca de serviços prestados.

Já seu pai e seu avô foram acusados de corrupção e evasão fiscal, mas nunca foram presos, dando a impressão de que a família Lee está acima da lei.

Foi em 1938 que Lee Byng-chull, filho de um grande terra-tenente do condado de Uiryeong, no sudeste do país, abriu um modesto negócio em Daegu, a cidade mais próxima.

Com os negócios no auge, o patriarca se instala em Seul, e depois da segunda guerra da Coreia (1950-1953), a Samsung se diversifica: fertilizantes, têxteis, distribuição, seguros e nos anos 60, eletrônica.

Contrabando

Lee Byung-chull rapidamente se envolveu em escândalos. Em 1966, o departamento de fertilizantes da Samsung foi flagrado deixando entrar como contrabando na Coreia do Sul adoçantes artificiais procedentes do Japão. O patriarca foi acusado de querer revendê-los com lucros, sem pagar impostos alfandegários, enquanto subornava autoridades.

Ele evitou a prisão em troca da nacionalização do departamento de fertilizantes, mas seu segundo filho teve que passar seis meses atrás das grades.

Com o primogênito caindo em desgraça, é seu terceiro filho, Lee Kum-hee, que herda o império, embora também enfrente problemas com os tribunais.

Em 1996, Lee Kun-hee foi reconhecido culpado por ter subornado o presidente Roh Tae-woo. Foi condenado à prisão condicional antes de ser indultado.

Em meados de 2005, teve que prestar depoimento ao Ministério Público, pelas gravações de áudio vazados à imprensa, nas quais era possível escutá-lo discutindo sobre técnicas de corrupção de políticos e magistrados.

A Samsung teve que pedir desculpas publicamente antes de doar 800 bilhões de wons (660 milhões de euros) a obras beneficentes.

Em 2007, Kun-hee foi condenado por evasão fiscal, após revelações de um ex-advogado da Samsung sobre uma caixa-preta secreta com milhões de dólares.

No final do ano 2000, seu filho Jae-yong seu filho foi suspeito de estar envolvido em um caso em que a filial do grupo teria emitido ações a preços baixos para que assumisse o controle, mas não deu em nada.

Seu pai foi culpado de evasão fiscal, entre outros delitos. Em 2008, Kun-hee demitiu-se da direção do "chaebol", como são conhecidos os conglomerados na Coreia do Sul, prometendo reformas e transparência. Foi condenado à prisão antes de ser indultado, de novo.