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Ataque internacional de hackers afeta hospitais e empresas na Europa

12/05/2017 17h51

Londres, 12 Mai 2017 (AFP) - Um ataque de hackers em larga escala atingiu, nesta sexta-feira, contra vários países e organizações, segundo a primeira-ministra britânica, Theresa May, causou alarme em todo o mundo e afetou, entre outros, hospitais britânicos e empresas espanholas.

"Não se trata de um ataque contra o NHS (sistema nacional de saúde), é um ataque internacional e vários países e organizações foram afetados", disse May.

O ataque foi lançado mediante um vírus 'ransomware', que afeta os "sistemas Windows, cifrando todos os seus arquivos e os das unidades de rede às quais estiverem conectados", segundo o Centro Criptológico Nacional (CCN) espanhol, divisão dos serviços de Inteligência encarregada da segurança de tecnologias de informação.

No Brasil, os portais na internet do Tribunal de Justiça e do Ministério Público de São Paulo foram tirados do ar como medida preventiva devido ao ciberataque.

Assessorias de comunicação das duas instâncias informaram à AFP que receberam à tarde a instrução de desligar os servidores preventivamente, sem previsão de reconexão.

No caso dos hospitais britânicos, o ataque forçou o desvio de ambulâncias, a suspensão de consultas de rotina e, inclusive, a alteração de cirurgias, segundo informou uma testemunha à AFP.

"Certas organizações do NHS informaram à NHS Digital que foram afetadas por um ataque informático", anunciou o Serviço Nacional de Saúde (NHS, em inglês).

Um porta-voz do hospital Saint Bartholomew de Londres disse que estava sofrendo de problemas informáticos graves e atrasos em seus quatro estabelecimentos.

"Lamentamos ter que cancelar consultas de rotina", acrescentou o porta-voz, informando que tinham desviado suas ambulâncias a outros estabelecimentos.

O Centro Nacional de Cibersegurança britânico estava assistindo na investigação do incidente, aparentemente provocado pela transmissão de um vírus chamado Wanna Decryptor, afirmou.

Praticamente na mesma hora, várias companhias espanholas, entre elas o gigante das telecomunicações, Telefónica, foram alvo de um ciberataque com um vírus do mesmo tipo que o britânico.

"O ataque afetou pontualmente equipamentos informáticos de trabalhadores de várias companhias. No entanto, não afeta nem a prestação de serviços, nem a operação de redes, nem o usuário destes serviços", informou o ministério em um comunicado publicado em Madri.

O ciberataque "não compromete a segurança dos dados, nem se trata de um vazamento de dados", insistiu o Ministério da Energia, que também se encarrega de questões digitais.

O 'ransomware' é um pequeno programa informático, que costuma esconder-se em um arquivo de aparência inofensiva. Assim que é infectado, o usuário não consegue acessar seus arquivos enquanto não pagar um resgate.

Ataque ao acaso ou intencionado?David Emm, pesquisador em segurança informática do GReAT (Global Research & Analysis Team), no Kaspersky Lab, uma empresa especializada em programas antivírus, explicou que "há vários motivos para os ciberataques, de ganhos financeiros ao desejo de fazer alguma reivindicação social ou política, passando pela ciberespionagem e, inclusive, o ciberterrorismo".

No entanto, se a captura de tela apresentada por alguns veículos "pedindo 300 dólares for correta, isso sugere que é um ataque ao acaso, mais do que algo intencionado" em larga escala. "Se um cibercriminoso pode atingir tantos sistemas ao mesmo tempo, por que não pedir muito dinheiro?".

Duas funcionárias de um hospital londrino, que pediram para ter as identidades preservadas, explicaram à AFP que pediram-lhes para "apagar todos os computadores e, inclusive, o wifi dos nossos telefones".

"Os computadores não funcionam", acrescentaram, esclarecendo que o problema "não tem nenhum impacto nos pacientes".

No entanto, Caroline Brennan, uma mulher de 41 anos, que estava no Hospital de Saint Bartholomew para visitar seu irmão, recém-operado do coração, explicou à AFP os problemas que o ciberataque provocou.

"Até poucos minutos atrás não nos disseram se estava vivo e bem", explicou, quase dez horas depois do fim previsto da cirurgia.

"Chegamos ao meio-dia e nos disseram que ainda o estavam operando, quando se supunha que tudo iria acabar às 8 da manhã", prosseguiu.

"Depois, às 13H00, nos disseram pela primeira vez que tinha havido um problema, que o sistema tinha quebrado e que não podiam transferir ninguém até que se resolvesse, razão pela qual ainda estava no centro cirúrgico", explicou.

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