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CEO da Volkswagen investigado por manipulação da Bolsa no Dieselgate

17/05/2017 10h08

Frankfurt am Main, 17 Mai 2017 (AFP) - A Promotoria de Stuttgart, sudoeste da Alemanha, anunciou nesta quarta-feira que iniciou em fevereiro uma investigação por manipulação da Bolsa, no âmbito do caso Dieselgate, contra integrantes da diretoria da Porsche SE, incluindo o atual CEO do grupo Volkswagen.

Além de Matthias Müller, que assumiu o comando da Volskwagen no fim de 2015, pouco depois da revelação da manipulação da montadora alemã em milhões de motores a diesel, a investigação também aponta para o ex-diretor Martin Winterkorn e o atual presidente do conselho de supervisão da montadora, Hans-Dieter Pötsch.

Os investigados são suspeitos de "informar conscientemente com atraso" os mercados financeiros a respeito da fraude de grande escala da Volkswagen que teve duras consequências financeiras para os investidores, segundo um comunicado.

Ele confirma assim informações publicadas pela imprensa nos últimos dias.

A Promotoria de Stuttgart é competente para as investigações que envolvem a Porsche SE, holding que é acionista majoritária da Volskwagen. Esta estrutura, que tem cotação na Bolsa de Frankfurt, possui quase 52% dos direitos de voto da líder mundial do setor automobilístico.

Hans-Dieter Pötsch, diretor financeiro da Volkswagen no momento das revelações do Dieselgate, que mais tarde se tornou presidente do conselho de supervisão do grupo, está envolvido na investigação na qualidade de diretor geral da Porsche SE.

Pötsch substituiu no cargo Martin Winterkorn, que cedeu o comando da Volkswagen a Müller em setembro de 2015 assegurando que não sabia nada sobre a instalação de um software em 11 milhões de motores de veículos em todo o planeta, um programa que fazia com que os carros apresentassem resultados menos poluentes do que eram na realidade.

O escândalo afundou a gigante alemã em uma crise sem precedentes, da qual a Volskwagen ainda tenta se recuperar, depois de um prejuízo histórico em 2015.

Uma queixa da autoridade alemã responsável por fiscalizar os mercados financeiros (Bafin) no outono de 2016 originou a decisão da Promotoria de Stuttgart de investigar.

O grupo Volkswagen, proprietário de 12 marcas, incluindo Audi, Porsche e Seat, foi obrigado a reservar 22,6 bilhões de euros para enfrentar os acordos para satisfazer as autoridades, clientes e concessionárias nos Estados Unidos. Na Alemanha, a empresa ainda enfrenta vários processos, especialmente os de investidores que exigem bilhões de euros de indenizações por terem sido informados muito tarde sobre o tema.

O valor da ação da Volkswagen caiu após a explosão do caso Dieselgate, o que provocou perdas consideráveis para muitos investidores.

Por este mesmo motivo, a Promotoria de Brunswick (norte de Alemanha) abriu uma investigação contra Pötsch e Winterkorn sobre manipulações na Bolsa.

Esta, no entanto, é a primeira vez que Matthias Müller aparece em uma investigação por manipulação da Bolsa no âmbito do Dieselgate.

Contactada pela AFP, o grupo Volskwagen preferiu não se manifestar a respeito do caso,

Porsche SE reagiu afirmando que as suspeitas "são infundadas" e ressaltando em um comunicado "cumprir corretamente suas obrigações em matéria de comunicação com os mercados", uma posição parecida com a adotada pela Volkswagen na investigação da Promotoria de Brunswick.

Esta nova investigação pode prejudicar a imagem de Matthias Müller, que conseguiu, apesar dos erros de comunicação iniciais, recolocar no caminho certo a Volkswagen.

Em uma entrevista exclusiva à AFP no início de março, Matthias Müller havia destacado os esforços da construtora para superar o escândalo dos motores a diesel adulterados.

"Grandes erros foram cometidos e nossa tarefa consiste em elucidar como isso pode acontecer, e evidentemente identificar os responsáveis", declarou na ocasião.

esp/ilp/ggy/bc.zm/fp

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