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Países da UE disputam agências afetadas pelo Brexit

20/06/2017 16h58

Bruxelas, 20 Jun 2017 (AFP) - Os países europeus se lançaram à luta por acolher duas agências europeias, que deverão abandonar Londres depois do Brexit junto a seus trabalhadores e seus recursos econômico, obrigando a UE a organizar uma espécie de concurso para escolher o destino final.

"Isso parece o Eurovisão", diz um diplomata de um grande país europeu, em referência ao popular festival de música europeu. A escolha de um novo lugar para a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e para a Autoridade Bancária Europeia (EBA) acontecerá por votação, como neste concurso musical.

A Espanha, que já conta com quatro agências comunitárias, propõe Barcelona, que foi finalista quando a EMA foi para Londres, terá em princípio mais de dez rivais, como Amsterdã, Viena, Estocolmo e Copenhague.

Mesmo com menos pretendentes, a EBA conta com aspirantes como Frankfurt, atual sede do Banco Central Europeu (BCE) e da Junta Europeia de Risco Sistêmico, e Paris, que já abriga a Autoridade Europeia de Valores e Mercados, assim como Luxemburgo e Dublin, entre outros.

Diante dos potenciais benefícios econômicos de ser sede dessas agências, a UE quer evitar um confronto aberto entre países, neste momento em que a negociação do Brexit acaba de começar. Por isso propõe um sistema de eleição com base em uma série de critérios.

Para um alto funcionário europeu, "há muita bravata, mas no fim se trata da unidade dos 27". Os mandatários europeus devem dar sua aprovação final aos critérios e ao tipo de eleição à margem de uma cúpula realiza nesta quinta e sexta-feira em Bruxelas.

- 'Three points, trois points' -Os países interessados deverão apresentar suas candidaturas, até uma por agência, antes do dia 31 de julho, segundo o documento que os líderes debaterão em seu encontro e consultado pela AFP. Depois disso, a Comissão Europeia será a encarregada de analisar as candidaturas.

Para sua análise, o executivo comunitário deverá considerar antes de 30 de setembro critérios como a acessibilidade à cidade, a capacidade hoteleira e o acesso a colégios internacionais e ao sistema de saúde para as famílias dos trabalhadores.

No entanto, o documento ressalta em várias ocasiões a importância de que o trabalho dessas duas agências não seja interrompido, após o traslado pela saída do Reino Unido da UE, prevista para o primeiro trimestre de 2019.

Outro dos critérios, muito mais político, é o acordo de 2003 de priorizar os últimos membros do bloco, especialmente os da Europa oriental. O documento, contudo, especifica que se refere a "novas agências" e, neste caso, se trataria de um traslado.

A decisão final não será tomada a Comissão, e sim pelos diferentes países-membros em outubro com uma votação secreta na qual cada um terá 6 pontos a repartir: três para sua primeira opção, dois para a segunda e um para a terceira.

A candidatura que receber 3 pontos de 14 dos 27 países na primeira rodada ficará com a agência, depois de uma segunda rodada com as três cidades mais votadas e, se for necessário, de uma terceira entre as duas finalistas.

- O "supositório" de Barcelona -Com a decisão política final, Madri pediu que "o processo seja muito transparente e com critérios objetivos", nas palavras da ministra de Saúde espanhola, Dolors Montserrat, em uma recente visita a Bruxelas para promover a candidatura da cidade catalã.

A proposta da turística Barcelona conta inclusive com um edifício para abrigar a Agência Europeia de Medicamentos: a Torre Agbar, um arranha-céus de meados dos anos 2000 conhecido popularmente como o "supositório" por seu formato, entre outros apelidos.

Como apontou um alto escalão da UE, as surpresas não estão descartadas. E, como prêmio recebe a Autoridade Bancária Europeia, criada em 2011 e conhecida por seus testes de estresse aos bancos europeus. A agência conta com 190 pessoas e seus visitantes geram quase 9.000 pernoites por ano nos hotéis.

Ou a EMA, encarregada de supervisionar desde 1995 os medicamentos de uso humano e animal, com seus 900 funcionários. Em 2005, seus visitantes reservaram 30.000 noites de hotel, segundo o documento do Conselho da UE.

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