Rússia irá esperar que novas sanções votadas pelos Estados Unidos se tornem lei
Moscou, 26 Jul 2017 (AFP) - A Rússia indicou nesta quarta-feira (26) que vai esperar até que a adoção de novas sanções, por parte da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, torne-se lei para apreciar a questão, alertando que o projeto ameaça "destruir as perspectivas de normalização" das relações com Moscou.
"Como se trata de um projeto de lei, não vamos proceder uma apreciação substancial neste momento", declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Vamos esperar que este projeto de lei se torne lei", acrescentou.
Aprovado quase por unanimidade pelos representantes americanos na terça-feira (25), o texto em questão também preocupa a Europa, uma vez que permitiria punir empresas europeias. Os Estados-membros do bloco discutem uma resposta a Washington, nesta quarta, em Bruxelas.
O projeto também inclui sanções contra o Irã, especialmente contra a Guarda da Revolução, acusada de apoiar o terrorismo, e contra a Coreia do Norte, por seus testes nucleares.
O Irã considerou a aprovação do projeto como uma "ação hostil" que pode prejudicar a aplicação do acordo sobre o programa nuclear iraniano de julho de 2015, de acordo com o vice-chanceler Abbas Aragshi, em declarações à agência de notícias iraniana Isna.
Já em Moscou, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, citado pela agência pública de notícias TASS, declarou que "o que está acontecendo não entra no senso comum. Os autores e patrocinadores desse projeto de lei dão um passo muito grave na direção de uma destruição das perspectivas de normalização das relações com a Rússia".
Ele assegurou, no entanto, que Moscou vai "trabalhar na busca dos meios para avançar, (...) e buscar os meios para encontrar compromissos sobre os temas que são importantes para a Rússia, e creio que também para os Estados Unidos: a luta contra o terrorismo, a proliferação das armas de destruição em massa".
O texto justifica as sanções à Rússia por sua suposta interferência na campanha eleitoral americana do ano passado, assim como pela anexação da Crimeia e pelas ingerências na Ucrânia.
Neste contexto, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, comemorou no Twitter a "importante decisão".
"O preço a pagar pela agressão deve ser maior!", declarou na rede social.
O consenso no Capitólio foi quase total. A proposta foi aprovada por 419 votos a favor e 3 contra.
O texto ainda deve passar pelo Senado para sua adoção definitiva, o que deve acontecer provavelmente antes de meados de agosto.
O projeto de lei prevê um mecanismo inédito que incomoda particularmente a Casa Branca: os congressistas poderão se interpor, se o presidente Donald Trump decidir suspender as sanções à Rússia.
Se o texto for aprovado no Senado, Trump ainda pode vetá-lo, mas bastará ao Congresso uma maioria de dois terços, em nova votação, para fazê-lo valer.
"Apesar de o presidente apoiar sanções severas contra Coreia do Norte, Irã e Rússia, a Casa Branca estuda este projeto de lei e espera uma versão final", declarou a porta-voz da Presidência americana, Sarah Huckabee Sanders.
- 'Unidade' -De Paris a Berlim, passando por Bruxelas, a iniciativa do Congresso americano incomoda por ser unilateral, sem qualquer coordenação com a União Europeia, como era o caso das sanções impostas à Rússia até o momento.
A Comissão Europeia manifestou sua "preocupação" com a adoção do projeto. Em um comunicado, o Executivo europeu se disse preocupado com "o possível impacto na independência energética da UE" e com "suas consequências políticas negativas possíveis", lembrando da importância de coordenar a política de sanções entre todos os países do G7.
"A unidade do G7 a respeito das sanções é de suma importância", havia indicado na segunda-feira (24) o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas.
Schinas disse também que o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, sinalizou na última cúpula do G20 que a União Europeia está pronta para reagir.
A lei americana permitiria a Trump sancionar empresas europeias que trabalham em oleodutos procedentes da Rússia - limitando, por exemplo, seu acesso a bancos americanos e excluindo-as dos mercados públicos nos Estados Unidos.
Até o momento, Washington e Bruxelas haviam delimitado uma linha vermelha, a fim de impedir que as sanções afetassem o abastecimento energético da Europa.
Em uma aparente concessão, a Câmara de Representantes dos EUA modificou ligeiramente um artigo, de modo que as sanções sejam dirigidas apenas aos oleodutos de origem russa, deixando de fora os que se originam no Cazaquistão, ou que apenas atravessam o território russo.
"Como se trata de um projeto de lei, não vamos proceder uma apreciação substancial neste momento", declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Vamos esperar que este projeto de lei se torne lei", acrescentou.
Aprovado quase por unanimidade pelos representantes americanos na terça-feira (25), o texto em questão também preocupa a Europa, uma vez que permitiria punir empresas europeias. Os Estados-membros do bloco discutem uma resposta a Washington, nesta quarta, em Bruxelas.
O projeto também inclui sanções contra o Irã, especialmente contra a Guarda da Revolução, acusada de apoiar o terrorismo, e contra a Coreia do Norte, por seus testes nucleares.
O Irã considerou a aprovação do projeto como uma "ação hostil" que pode prejudicar a aplicação do acordo sobre o programa nuclear iraniano de julho de 2015, de acordo com o vice-chanceler Abbas Aragshi, em declarações à agência de notícias iraniana Isna.
Já em Moscou, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, citado pela agência pública de notícias TASS, declarou que "o que está acontecendo não entra no senso comum. Os autores e patrocinadores desse projeto de lei dão um passo muito grave na direção de uma destruição das perspectivas de normalização das relações com a Rússia".
Ele assegurou, no entanto, que Moscou vai "trabalhar na busca dos meios para avançar, (...) e buscar os meios para encontrar compromissos sobre os temas que são importantes para a Rússia, e creio que também para os Estados Unidos: a luta contra o terrorismo, a proliferação das armas de destruição em massa".
O texto justifica as sanções à Rússia por sua suposta interferência na campanha eleitoral americana do ano passado, assim como pela anexação da Crimeia e pelas ingerências na Ucrânia.
Neste contexto, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, comemorou no Twitter a "importante decisão".
"O preço a pagar pela agressão deve ser maior!", declarou na rede social.
O consenso no Capitólio foi quase total. A proposta foi aprovada por 419 votos a favor e 3 contra.
O texto ainda deve passar pelo Senado para sua adoção definitiva, o que deve acontecer provavelmente antes de meados de agosto.
O projeto de lei prevê um mecanismo inédito que incomoda particularmente a Casa Branca: os congressistas poderão se interpor, se o presidente Donald Trump decidir suspender as sanções à Rússia.
Se o texto for aprovado no Senado, Trump ainda pode vetá-lo, mas bastará ao Congresso uma maioria de dois terços, em nova votação, para fazê-lo valer.
"Apesar de o presidente apoiar sanções severas contra Coreia do Norte, Irã e Rússia, a Casa Branca estuda este projeto de lei e espera uma versão final", declarou a porta-voz da Presidência americana, Sarah Huckabee Sanders.
- 'Unidade' -De Paris a Berlim, passando por Bruxelas, a iniciativa do Congresso americano incomoda por ser unilateral, sem qualquer coordenação com a União Europeia, como era o caso das sanções impostas à Rússia até o momento.
A Comissão Europeia manifestou sua "preocupação" com a adoção do projeto. Em um comunicado, o Executivo europeu se disse preocupado com "o possível impacto na independência energética da UE" e com "suas consequências políticas negativas possíveis", lembrando da importância de coordenar a política de sanções entre todos os países do G7.
"A unidade do G7 a respeito das sanções é de suma importância", havia indicado na segunda-feira (24) o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas.
Schinas disse também que o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, sinalizou na última cúpula do G20 que a União Europeia está pronta para reagir.
A lei americana permitiria a Trump sancionar empresas europeias que trabalham em oleodutos procedentes da Rússia - limitando, por exemplo, seu acesso a bancos americanos e excluindo-as dos mercados públicos nos Estados Unidos.
Até o momento, Washington e Bruxelas haviam delimitado uma linha vermelha, a fim de impedir que as sanções afetassem o abastecimento energético da Europa.
Em uma aparente concessão, a Câmara de Representantes dos EUA modificou ligeiramente um artigo, de modo que as sanções sejam dirigidas apenas aos oleodutos de origem russa, deixando de fora os que se originam no Cazaquistão, ou que apenas atravessam o território russo.
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