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China e a arma do petróleo frente à Coreia do Norte

15/09/2017 13h34

Pequim, 15 Set 2017 (AFP) - Os Estados Unidos exigem novamente que a China aumente a pressão sobre Pyongyang restringindo as exportações de petróleo, depois de um novo lançamento de míssil pela Coreia do Norte.

Veja cinco perguntas sobre um eventual embargo do petróleo e as preocupações da China.

O país aprovou nesta semana um oitavo lote de sanções do Conselho de Segurança da ONU, que prevê limitar sua entrega da commodity à Coreia do Norte, nação da qual é a principal aliada.

A China continua contrária a um embargo total de petróleo.

- Qual o volume de petróleo? -As estimativas variam muito, e a China não publica, pelo menos desde 2014, os dados de exportação de petróleo para a Coreia do Norte.

A Agência de Informação sobre Energia (EIA) dos Estados Unidos estima que o país consumiu, no ano passado, 15 mil barris de petróleo por dia, em sua maioria provenientes da China, usados na única refinaria do país.

- A que se destina o petróleo? -A China fornece o petróleo por meio do oleoduto sino-coreano, um cano de 30km que sai da cidade fronteiriça de Dandong. A gigante chinesa CNPC indicou que, em 2015, o oleoduto podia transportar até 520 mil toneladas de petróleo ao ano.

Uma parte é armazenada para as Forças Armadas norte-coreanas, entre outras necessidades, para o programa nuclear e balístico, avaliou Wang Peng, especialista da Univerisidade Fudan, de Xangai.

"Uma vez que as Forças Armadas e os órgãos do governo recebem o abastecimento, não acredito que a população possa aproveitar" o resto, afirmou à AFP.

- Qual seria o efeito de um embargo? -A prioridade das Forças Armadas significa que, em caso de embargo, o consumo dos civis seria ainda mais restrito.

"A curto prazo, uma interrupção total das entregas não afetaria os programas nuclear e balístico. Os militares têm suas próprias reservas estratégicas", enquanto a população se veria forçada a usar carvão e lenha como fontes de energia, observou Jingdong Yuan, professor da Universidade de Sidney.

Para ele, o regime "não vai cair repentinamente", mas a situação vai se agravar com o tempo, por falta de combustível alternativo para as operações militares.

No fim das contas, privar o regime de petróleo seria "fatal" para Kim Jong-Un, avaliou Oh Joon, ex-embaixador da Coreia do Sul nas Nações Unidas.

- Por que Pequim está relutante? -A China está apavorada com a ideia de uma queda abrupta de seu vizinho, que poderia desencadear uma situação caótica, um fluxo de refugiados e sobretudo uma reunificação da península sob os auspícios das forças militares americanas.

E "se as sanções endurecerem muito rapidamente, não vai sobrar lugar" para uma resolução da crise através do diálogo, indica Joost van Deutekom, analista da China Policy. O embargo poderia, contudo, ser aplicado progressivamente, avaliou.

Outro fator possível: Pequim pode temer a reação da Coreia do Norte. "Vão ficar, provavelmente, furiosos com a China" se interromper a exportação de petróleo, insiste Jingdong Yuan.

Isso aumenta o temor de uma mudança geopolítica radical, concorda Wang Peng.

Segundo Peng, ao cortar os suprimentos de seu vizinho, a China pode provocar sua fúria. Contra a parede, Pyongyang poderia se ver tentada a "olhar para os Estados Unidos" para chegar a um acordo com eles, uma dinâmica "que mudaria completamente o equilíbrio no nordeste asiático".

- Fator técnico? -Outra consideração que pode explicar a Prudência de Pequim: uma vez que o fluxo de petróleo seja interrompido, o oleoduto sino-coreano - uma infraestrutura em funcionamento desde 1975 - vai se danificar e dificilmente poderá voltar a ser usado, lembra Wang Peng.

"Segundo alguns, o oleoduto ficaria tão danificado que seria impossível consertá-lo", insistiu Van Deutekom. Isso poderia obrigar a China a manter o fornecimento pelo menos no nível necessário para conservar o duto.

bur-jug/bar/roc/pa/eg/ll