Presidente da WWF quer empresa a serviço do meio ambiente
Paris, 23 Fev 2018 (AFP) - "A companhia é a instituição mais importante da nossa época". O credo não sai da boca de um empresário, mas de Pavan Sukhdev, novo presidente da WWF International, convencido de que os empresários têm o dever "moral" de proteger o meio ambiente.
O objetivo da empresa "vai muito além do lucro", diz o economista indiano, em entrevista à AFP. O ex-banqueiro estava em Paris quarta e quinta-feira, no momento em que assumia essa ONG dedicada às questões ambientais, presente em mais de 80 países para preservar espécies e áreas selvagens em risco.
A organização tem estabelecido parcerias com empresas há uma década.
"Para sobreviver, tenho que respirar, mas a respiração não é o meu objetivo. Da mesma forma, a empresa precisa fazer lucro para existir, mas os benefícios não são seu fim, é apenas uma parte do mecanismo", explica.
Óculos de armação fina, terno impecável, Pavan Sukhdev desafia "o credo" do economista liberal Milton Friedman, "segundo o qual a empresa é simplesmente uma máquina de dinheiro para os acionistas", durante uma reunião na sede da WWF França nos subúrbios de Paris.
A seus olhos, o objetivo das empresas privadas deve ser "societal: resolver problemas, agregar valor, servir à sociedade", porque causam danos ao planeta. "É um imperativo moral e econômico", insiste.
O economista, de 57 anos, apresenta um exemplo concreto: "Estou vendendo um carro, fazendo lucro, estou feliz. Você dirige o carro (...), você está feliz. Mas uma terceira pessoa pode não estar feliz, porque as emissões do seu carro podem afetar seus pulmões, e uma quarta pessoa pode não estar feliz, porque essas mesmas emissões contribuem para as mudanças climáticas, e sua casa no litoral foi destruída pelo aumento do nível das águas e tempestades".
"Essas pessoas sofrem as 'externalidades' da nossa atividade econômica (...)", isto é, seus efeitos colaterais, completa.
Hoje, "CEOs e líderes econômicos têm um imperativo moral de reconhecer a existência dessas 'externalidades', de medi-las (...) e de reduzi-las na medida do possível", reforça.
- Perfil atípico -Se uma tendência nessa direção for iniciada, "as mudanças vão-se acelerar", tanto por "encorajar bons comportamentos" quanto "por acabar com os maus".
Para alcançar isso, "todos nós temos um papel a desempenhar", defende o indiano, que aproveitou sua estada em Paris para se encontrar com a secretária de Estado para a Transição Ambienta, Brune Poirson, e com representantes da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Ele pede "um modo mais responsável de consumo, que reconheça seu impacto" sobre o meio ambiente e que "não o encoraje a consumir de forma prejudicial para a natureza, para a sociedade".
Pavan Sukhdev tem um perfil atípico no mundo das ONGs: passou 11 anos no banco australiano AZN, depois 14 anos no grupo alemão Deutsche Bank, na Ásia e em Londres, trabalhando, sobretudo, com produtos derivados. A "paixão" pelo meio ambiente finalmente falou mais alto, conta ele.
Foi diretor da Iniciativa Verde das Nações Unidas e liderou o estudo sobre a Economia de Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB), publicado em 2010, que ajudou a popularizar o conceito de "capital natural".
A ideia é avaliar o valor dos serviços prestados pela biodiversidade, agora feito gratuitamente. De acordo com este trabalho, a erosão da biodiversidade custa entre 1,3 bilhão e 3,1 bilhões de euros por ano.
Ainda hoje, esse conceito permanece incompreendido, o que pode levar à "resistência", reconhece o economista.
"Não se trata de privatizar os bens comuns, é exatamente o oposto: é uma questão de encontrar uma razão racional para garantir que esta riqueza pública, que é a natureza - central para nossas existências - seja preservada", explica.
Da teoria à prática, ainda há um abismo, ele admite.
O objetivo da empresa "vai muito além do lucro", diz o economista indiano, em entrevista à AFP. O ex-banqueiro estava em Paris quarta e quinta-feira, no momento em que assumia essa ONG dedicada às questões ambientais, presente em mais de 80 países para preservar espécies e áreas selvagens em risco.
A organização tem estabelecido parcerias com empresas há uma década.
"Para sobreviver, tenho que respirar, mas a respiração não é o meu objetivo. Da mesma forma, a empresa precisa fazer lucro para existir, mas os benefícios não são seu fim, é apenas uma parte do mecanismo", explica.
Óculos de armação fina, terno impecável, Pavan Sukhdev desafia "o credo" do economista liberal Milton Friedman, "segundo o qual a empresa é simplesmente uma máquina de dinheiro para os acionistas", durante uma reunião na sede da WWF França nos subúrbios de Paris.
A seus olhos, o objetivo das empresas privadas deve ser "societal: resolver problemas, agregar valor, servir à sociedade", porque causam danos ao planeta. "É um imperativo moral e econômico", insiste.
O economista, de 57 anos, apresenta um exemplo concreto: "Estou vendendo um carro, fazendo lucro, estou feliz. Você dirige o carro (...), você está feliz. Mas uma terceira pessoa pode não estar feliz, porque as emissões do seu carro podem afetar seus pulmões, e uma quarta pessoa pode não estar feliz, porque essas mesmas emissões contribuem para as mudanças climáticas, e sua casa no litoral foi destruída pelo aumento do nível das águas e tempestades".
"Essas pessoas sofrem as 'externalidades' da nossa atividade econômica (...)", isto é, seus efeitos colaterais, completa.
Hoje, "CEOs e líderes econômicos têm um imperativo moral de reconhecer a existência dessas 'externalidades', de medi-las (...) e de reduzi-las na medida do possível", reforça.
- Perfil atípico -Se uma tendência nessa direção for iniciada, "as mudanças vão-se acelerar", tanto por "encorajar bons comportamentos" quanto "por acabar com os maus".
Para alcançar isso, "todos nós temos um papel a desempenhar", defende o indiano, que aproveitou sua estada em Paris para se encontrar com a secretária de Estado para a Transição Ambienta, Brune Poirson, e com representantes da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Ele pede "um modo mais responsável de consumo, que reconheça seu impacto" sobre o meio ambiente e que "não o encoraje a consumir de forma prejudicial para a natureza, para a sociedade".
Pavan Sukhdev tem um perfil atípico no mundo das ONGs: passou 11 anos no banco australiano AZN, depois 14 anos no grupo alemão Deutsche Bank, na Ásia e em Londres, trabalhando, sobretudo, com produtos derivados. A "paixão" pelo meio ambiente finalmente falou mais alto, conta ele.
Foi diretor da Iniciativa Verde das Nações Unidas e liderou o estudo sobre a Economia de Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB), publicado em 2010, que ajudou a popularizar o conceito de "capital natural".
A ideia é avaliar o valor dos serviços prestados pela biodiversidade, agora feito gratuitamente. De acordo com este trabalho, a erosão da biodiversidade custa entre 1,3 bilhão e 3,1 bilhões de euros por ano.
Ainda hoje, esse conceito permanece incompreendido, o que pode levar à "resistência", reconhece o economista.
"Não se trata de privatizar os bens comuns, é exatamente o oposto: é uma questão de encontrar uma razão racional para garantir que esta riqueza pública, que é a natureza - central para nossas existências - seja preservada", explica.
Da teoria à prática, ainda há um abismo, ele admite.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.