Monsanto enfrenta processo crucial sobre suposto agente cancerígeno
San Francisco, 23 Jul 2018 (AFP) - Vítima de um câncer em fase terminal, o jardineiro californiano Dewayne Johnson testemunhou, nesta segunda-feira, dentro do processo que apresentou contra a gigante agroquímica Monsanto, acusada de ter ocultado o perigo cancerígeno de seu herbicida Roundup.
"Minha vida mudou completamente" após o diagnóstico, em 2014, declarou Johnson, de 46 anos, no Tribunal Superior da Califórnia, em San Francisco (oeste). Ele "fazia tudo em casa", mas com a doença já não pode ajudar sua esposa, Araceli, acrescentou.
Antes do diagnóstico "não tínhamos preocupações, não estávamos estressados, a vida era bonita", declarou pouco antes sua esposa, que hoje trabalha 14 horas por dia e tem dois empregos para "ajudar com as contas", já que seu marido não pode trabalhar.
Atualmente "é muito difícil, muito estressante, é muito duro explicar como me sinto", afirmou Araceli, descrevendo os momentos de angústia de seu marido, que suportava a quimioterapia e "chorava em segredo".
Os advogados da Monsanto permaneceram em silêncio por uma hora, abstendo-se de fazer perguntas ante os emotivos testemunhos.
Johnson foi diagnosticado em 2014 com linfoma não Hodgkin, um câncer que afeta os glóbulos brancos. Ele usou uma versão do Roundup chamada "Ranger Pro" repetidamente em seu trabalho em uma escola em Benicia, Califórnia, depois de ter sido promovido a jardineiro em 2012.
Segundo Johnson, foi o ingrediente ativo do Ranger Pro, o glifosato, que causou sua doença, e a Monsanto ocultou conscientemente seu perigo, quando deveria ter informado o público.
A audiência começou com o testemunho da dermatologista de Johnson, Ope Ofodile. Ela afirmou que Johnson a consultou quando notou uma erupção em seu corpo a partir de 2014.
"Ele ficou assustado com o estado de sua pele", disse a médica no julgamento.
Depois de ver a erupção cutânea, Odofile disse que enviou uma carta ao conselho do distrito escolar dizendo "que ele não deveria ser exposto a qualquer substância química no ar que pudesse piorar sua condição".
Perguntada se ela estava se referindo ao Ranger Pro, ela disse que "sim".
Mas a médica disse que não investigou o que causou a erupção, e que ela se concentrou em tratar o paciente em vez de estabelecer uma ligação com o Roundup.
Johnson não tinha sido devidamente alertado sobre os riscos do Roundup, disse seu advogado no início deste mês.
"Disseram a ele que você podia bebê-lo, que era completamente não tóxico", afirmou o advogado Brent Wisner.
"A Monsanto sabe há 40 anos que os componentes-base da Roundup poderiam provocar tumores em animais de laboratório", afirmou Wisner no primeiro dia do processo, em 9 de julho.
O advogado disse que Johnson, que no momento está entre sessões de quimioterapia, "está vivendo com um tempo emprestado - ele supostamente não deveria estar vivo hoje".
- Potencial impacto do caso - O julgamento, que deve durar até agosto, tem o potencial de causar um grande impacto na empresa recentemente adquirida pela alemã Bayer.
O caso é o primeiro a chegar a julgamento alegando um vínculo cancerígeno com o Roundup, um dos herbicidas mais utilizados no mundo.
O embate legal envolve estudos e alegações de que a Monsanto foi conivente nos bastidores para impedir uma pesquisa potencialmente condenatória.
No caso de Johnson, será chave convencer os jurados de que o pesticida da Monsanto - cujo principal ingrediente é o glifosato - é responsável pela doença. Wisner argumentou que o glifosato foi combinado com um ingrediente destinado a ajudar a espalhá-lo sobre as folhas em uma "sinergia" causadora de câncer.
Há um longo debate em curso entre reguladores, especialistas em saúde e advogados sobre se o glifosato causa câncer.
Se a Monsanto perder, o caso poderia abrir a porta para centenas de outros processos contra a empresa.
A Monsanto nega qualquer vínculo com a doença e diz que estudos concluíram que o produto é seguro.
"O câncer de Johnson é uma doença terrível. Todos nós temos e devemos ter grande compaixão pelo que ele está passando", disse o advogado de defesa da Monsanto, George Lombardi, durante o julgamento.
Mas o advogado afirmou que "há evidência científica esmagadora de que os produtos à base de glifosato não causam câncer e não causaram o câncer de Johnson".
O Roundup foi lançado em 1976. De acordo com Lombardi, este herbicida foi aprovado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA.
Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer - um organismo da Organização Mundial da Saúde - classificou o glifosato como "provavelmente cancerígeno" e, como resultado, o estado da Califórnia o listou como carcinogênico.
Fundada em 1901 em St. Louis, Missouri, a Monsanto começou a produzir agroquímicos na década de 1940. Em junho passado foi adquirida pela Bayer por mais de US$ 62 bilhões.
"Minha vida mudou completamente" após o diagnóstico, em 2014, declarou Johnson, de 46 anos, no Tribunal Superior da Califórnia, em San Francisco (oeste). Ele "fazia tudo em casa", mas com a doença já não pode ajudar sua esposa, Araceli, acrescentou.
Antes do diagnóstico "não tínhamos preocupações, não estávamos estressados, a vida era bonita", declarou pouco antes sua esposa, que hoje trabalha 14 horas por dia e tem dois empregos para "ajudar com as contas", já que seu marido não pode trabalhar.
Atualmente "é muito difícil, muito estressante, é muito duro explicar como me sinto", afirmou Araceli, descrevendo os momentos de angústia de seu marido, que suportava a quimioterapia e "chorava em segredo".
Os advogados da Monsanto permaneceram em silêncio por uma hora, abstendo-se de fazer perguntas ante os emotivos testemunhos.
Johnson foi diagnosticado em 2014 com linfoma não Hodgkin, um câncer que afeta os glóbulos brancos. Ele usou uma versão do Roundup chamada "Ranger Pro" repetidamente em seu trabalho em uma escola em Benicia, Califórnia, depois de ter sido promovido a jardineiro em 2012.
Segundo Johnson, foi o ingrediente ativo do Ranger Pro, o glifosato, que causou sua doença, e a Monsanto ocultou conscientemente seu perigo, quando deveria ter informado o público.
A audiência começou com o testemunho da dermatologista de Johnson, Ope Ofodile. Ela afirmou que Johnson a consultou quando notou uma erupção em seu corpo a partir de 2014.
"Ele ficou assustado com o estado de sua pele", disse a médica no julgamento.
Depois de ver a erupção cutânea, Odofile disse que enviou uma carta ao conselho do distrito escolar dizendo "que ele não deveria ser exposto a qualquer substância química no ar que pudesse piorar sua condição".
Perguntada se ela estava se referindo ao Ranger Pro, ela disse que "sim".
Mas a médica disse que não investigou o que causou a erupção, e que ela se concentrou em tratar o paciente em vez de estabelecer uma ligação com o Roundup.
Johnson não tinha sido devidamente alertado sobre os riscos do Roundup, disse seu advogado no início deste mês.
"Disseram a ele que você podia bebê-lo, que era completamente não tóxico", afirmou o advogado Brent Wisner.
"A Monsanto sabe há 40 anos que os componentes-base da Roundup poderiam provocar tumores em animais de laboratório", afirmou Wisner no primeiro dia do processo, em 9 de julho.
O advogado disse que Johnson, que no momento está entre sessões de quimioterapia, "está vivendo com um tempo emprestado - ele supostamente não deveria estar vivo hoje".
- Potencial impacto do caso - O julgamento, que deve durar até agosto, tem o potencial de causar um grande impacto na empresa recentemente adquirida pela alemã Bayer.
O caso é o primeiro a chegar a julgamento alegando um vínculo cancerígeno com o Roundup, um dos herbicidas mais utilizados no mundo.
O embate legal envolve estudos e alegações de que a Monsanto foi conivente nos bastidores para impedir uma pesquisa potencialmente condenatória.
No caso de Johnson, será chave convencer os jurados de que o pesticida da Monsanto - cujo principal ingrediente é o glifosato - é responsável pela doença. Wisner argumentou que o glifosato foi combinado com um ingrediente destinado a ajudar a espalhá-lo sobre as folhas em uma "sinergia" causadora de câncer.
Há um longo debate em curso entre reguladores, especialistas em saúde e advogados sobre se o glifosato causa câncer.
Se a Monsanto perder, o caso poderia abrir a porta para centenas de outros processos contra a empresa.
A Monsanto nega qualquer vínculo com a doença e diz que estudos concluíram que o produto é seguro.
"O câncer de Johnson é uma doença terrível. Todos nós temos e devemos ter grande compaixão pelo que ele está passando", disse o advogado de defesa da Monsanto, George Lombardi, durante o julgamento.
Mas o advogado afirmou que "há evidência científica esmagadora de que os produtos à base de glifosato não causam câncer e não causaram o câncer de Johnson".
O Roundup foi lançado em 1976. De acordo com Lombardi, este herbicida foi aprovado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA.
Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer - um organismo da Organização Mundial da Saúde - classificou o glifosato como "provavelmente cancerígeno" e, como resultado, o estado da Califórnia o listou como carcinogênico.
Fundada em 1901 em St. Louis, Missouri, a Monsanto começou a produzir agroquímicos na década de 1940. Em junho passado foi adquirida pela Bayer por mais de US$ 62 bilhões.
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