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Primeiro leilão do novo sistema cambial venezuelano negocia apenas US$ 40 mil

22/08/2018 20h11

Caracas, 22 Ago 2018 (AFP) - Pouco mais de 40.000 dólares foram negociados nesta quarta-feira (22) no primeiro leilão do novo sistema cambial lançado na Venezuela, informou o Banco Central Venezuelano, um dia depois de formalizar uma desvalorização em 96% do bolívar, a moeda local.

Segundo analistas, a baixa quantia negociada é sinal de que os lances serão incapazes de frear o mercado negro de divisas, dominante na combalida economia venezuelana, com hiperinflação projetada em 1.000.000% pelo FMI para 2018 e escassez de comida, remédios e itens básicos.

Sete empresas e 85 pessoas físicas negociaram 40.841,94 dólares no leilão, a uma taxa de 69,94 bolívares por euro (60,29 bolívares por dólar), segundo o Sistema de Divisas de Taxa de Câmbio Complementar Flutuante de Mercado (DICOM).

O ponto de partida após a entrada em vigor das novas cédulas que tiraram cinco zeros da moeda foi de 60 bolívares por dólar.

"Vendo os resultados do leilão do DICOM (...), temos em frente outro esquema inoperante que pouco pode fazer para a estabilidade do mercado cambial. O mercado paralelo continuará desfrutando de boa saúde", afirmou Asdrúbal Oliveros, diretor da empresa Ecoanalítica.

O novo sistema é parte de um programa de reformas de Maduro que inclui, ainda, um aumento salarial de mais de 3.400% e altas de impostos e da gasolina.

No último leilão com o esquema anterior foram negociados 220.000 dólares, e 880.000 em um antes.

Após a anulação de uma lei que punia com multa e penas de até 15 anos de prisão quem negociasse fora do ferrenho controle cambial vigente desde 2003, o governo autorizou operações entre particulares.

Os leilões foram retomadas com divisas do setor privado, sem atribuições estatais. A oferta não tem limite, mas a compra sim: 400.000 dólares mensais para empresas e 500 para pessoas físicas.

O dólar negro disparou nos últimos dias, embora a brecha de cotações entre o mercado formal e o paralelo, onde a taxa oficial chegou a multiplicar por 30, fechou após a maxidesvalorização.

"Não está claro se os sismos são naturais ou é o mercado paralelo", ironizou o economista Luis Oliveros, referindo-se a um terremoto de magnitude 7,3 que sacudiu a Venezuela na terça-feira sem deixar vítimas.