China tem desaceleração nos investimentos em plena guerra comercial com EUA
Pequim, 14 Set 2018 (AFP) - Os investimentos em infraestruturas registraram uma desaceleração recorde em agosto na China, um sinal alarmante para o país em plena guerra comercial com os Estados Unidos por envolver um motor crucial de seu crescimento.
Os dados do Escritório Nacional de Estatísticas (BNS) confirmam a sombria conjuntura na segunda maior economia mundial, embora o consumo e a produção industrial apresentem bons resultados.
No período janeiro agosto, os investimentos em capital fixo cresceram 5,3% em ritmo anual, resultado inferior aos sete primeiros meses do ano (+5,5%) e o menor ritmo registrado até hoje.
A desaceleração é preocupante porque este indicador mede os gastos no setor imobiliário, nas infraestruturas de transporte e industriais, pilares do crescimento chinês, geralmente alimentados com investimentos públicos.
Tudo isto acontece em um contexto de guerra comercial com os Estados Unidos, iniciada em julho e que envolve a adoção de tarifas de importação mútuas.
"O conflito comercial tem um impacto e joga sombras sobre a recuperação mundial", declarou Mao Shengyong, porta-voz do BNS.
- Crédito sob pressão -A conjuntura chinesa já estava fragilizada pelos esforços do governo para conter o endividamento colossal do país.
O trabalho inclui uma ação contra as "finanças das sombras" (não reguladas), restringir o endividamento de grupos locais, com o endurecimento das condições de crédito, o que freia os investimentos públicos.
Assim, os investimentos específicos em infraestruturas cresceram apenas 4,2% nos oito primeiros meses do ano, o menor resultado desde que o índice passou a ser publicado.
Ao mesmo tempo, as vendas no varejo, que refletem o consumo das famílias, aumentaram mais que o previsto em agosto (9%), acima do resultado de julho (+8,8%).
A produção industrial cresceu 6,1%, dado esperado pelo mercado.
O conjunto de estatísticas, no entanto, "não apontam nada que modifique nossa visão de um crescimento que está em trajetória descendente", opinou Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics.
"A política de recuperação adotada por Pequim não obteve a mudança esperada nos gastos em infraestruturas ou no aumento do crédito", completou.
Em consequência da guerra comercial e da conjuntura frágil, o governo se comprometeu em julho a aplicar uma política orçamentária "mais ativa" para estimular a economia, com reduções fiscais e mais gastos públicos.
Mas estas medidas devem demorar a surtir efeito. E para complicar ainda mais, Washington ameaça aumentar as tarifas para outros produtos chineses, no valor de 200 bilhões de dólares.
No atual contexto, o presidente americano Donald Trump compara a saúde das duas economias: "Não temos nenhuma pressão para negociar um compromisso com a China (...) Nossos mercados disparam, os deles afundam", escreveu no Twitter na quinta-feira.
O regime comunista tem pela frente um difícil jogo de equilíbrio: reformar sua economia em detrimento da indústria pesada e em benefício do consumo interno, dos serviços e das novas tecnologias, mas ao mesmo tempo reduzir a dívida e amortizar os efeitos da guerra comercial.
Mas a aposta é complicada, como aponta Ting Lu, analista do banco Nomura.
"A margem de manobra foi consideravelmente reduzida", afirma.
lld-jug/bar/mra/me/ra/fp
NOMURA HOLDINGS
Twitter
Os dados do Escritório Nacional de Estatísticas (BNS) confirmam a sombria conjuntura na segunda maior economia mundial, embora o consumo e a produção industrial apresentem bons resultados.
No período janeiro agosto, os investimentos em capital fixo cresceram 5,3% em ritmo anual, resultado inferior aos sete primeiros meses do ano (+5,5%) e o menor ritmo registrado até hoje.
A desaceleração é preocupante porque este indicador mede os gastos no setor imobiliário, nas infraestruturas de transporte e industriais, pilares do crescimento chinês, geralmente alimentados com investimentos públicos.
Tudo isto acontece em um contexto de guerra comercial com os Estados Unidos, iniciada em julho e que envolve a adoção de tarifas de importação mútuas.
"O conflito comercial tem um impacto e joga sombras sobre a recuperação mundial", declarou Mao Shengyong, porta-voz do BNS.
- Crédito sob pressão -A conjuntura chinesa já estava fragilizada pelos esforços do governo para conter o endividamento colossal do país.
O trabalho inclui uma ação contra as "finanças das sombras" (não reguladas), restringir o endividamento de grupos locais, com o endurecimento das condições de crédito, o que freia os investimentos públicos.
Assim, os investimentos específicos em infraestruturas cresceram apenas 4,2% nos oito primeiros meses do ano, o menor resultado desde que o índice passou a ser publicado.
Ao mesmo tempo, as vendas no varejo, que refletem o consumo das famílias, aumentaram mais que o previsto em agosto (9%), acima do resultado de julho (+8,8%).
A produção industrial cresceu 6,1%, dado esperado pelo mercado.
O conjunto de estatísticas, no entanto, "não apontam nada que modifique nossa visão de um crescimento que está em trajetória descendente", opinou Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics.
"A política de recuperação adotada por Pequim não obteve a mudança esperada nos gastos em infraestruturas ou no aumento do crédito", completou.
Em consequência da guerra comercial e da conjuntura frágil, o governo se comprometeu em julho a aplicar uma política orçamentária "mais ativa" para estimular a economia, com reduções fiscais e mais gastos públicos.
Mas estas medidas devem demorar a surtir efeito. E para complicar ainda mais, Washington ameaça aumentar as tarifas para outros produtos chineses, no valor de 200 bilhões de dólares.
No atual contexto, o presidente americano Donald Trump compara a saúde das duas economias: "Não temos nenhuma pressão para negociar um compromisso com a China (...) Nossos mercados disparam, os deles afundam", escreveu no Twitter na quinta-feira.
O regime comunista tem pela frente um difícil jogo de equilíbrio: reformar sua economia em detrimento da indústria pesada e em benefício do consumo interno, dos serviços e das novas tecnologias, mas ao mesmo tempo reduzir a dívida e amortizar os efeitos da guerra comercial.
Mas a aposta é complicada, como aponta Ting Lu, analista do banco Nomura.
"A margem de manobra foi consideravelmente reduzida", afirma.
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