Cúpula do G20 começa com guerra comercial e Ucrânia em sua agenda
Buenos Aires, 30 Nov 2018 (AFP) - O presidente americano, Donald Trump, impõe o tom à cúpula do G20, que iniciou nesta sexta-feira (30) em Buenos Aires mais dividida do que nunca pelo conflito entre Rússia e Ucrânia e pela "guerra comercial" entre Estados Unidos e China.
"Dialogar e dialogar é a forma de empurrar os limites do possível", disse o presidente argentino, Mauricio Macri, ao abrir o fórum que reúne os líderes dos 20 países mais potentes e emergentes do planeta.
Ao chegar à reunião, o presidente russo, Vladimir Putin, cumprimentou com entusiasmo o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, no centro da polêmica pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
Depois que Trump cancelou o encontro que os dois haviam marcado, Putin chegou com espírito combativo à cúpula - que termina no sábado - ao denunciar as "práticas viciosas" das "sanções unilaterais" e do protecionismo comercial.
Ao menos, no que se mostra como um dos poucos momentos de consenso, Estados Unidos, México e Canadá assinaram um novo tratado de livre-comércio após meses de tensão, idas e vindas.
Batizado T-MEC pelos mexicanos, o acordo substitui o Nafta, que regia o comércio entre esses três países desde 1994 e que foi derrubado por Trump.
- 'Um disparate' -Para o presidente argentino, o G20 será uma oportunidade de mostrar ao mundo uma melhor imagem de seu país, na esperança de seduzir os inversores para que o dinheiro flua na debilitada economia argentina.
Mas as ruas - vigiadas por 24 mil efetivos de seguranças e com áreas fechadas para o tráfego - podem surpreendê-lo.
Dezenas de organizações sociais que rejeitam o G20 e, em particular, o Fundo Monetário Internacional, com o qual o governo Macri assinou um acordo de 56 bilhões de dólares para estabilizar o mercado de câmbio, estão se preparando para realizar protestos.
O centro de Buenos Aires, nos arredores da Casa Rosada (sede do governo), uma região de muita atividade por concentrar escritórios e comércios, está fechado ao trânsito com cercas custodiadas por policiais. Apenas podem circular poucos pedestres que vão trabalhar, embora hoje tenha sido decretado feriado para limitar os deslocamentos.
"A cúpula me parece um disparate. Estamos mal e ainda temos que gastar um monte de dinheiro para isso?", reclama Agustina Vianello, de 25 anos, em seu caminho para o trabalho.
- Trump-Xi -A reunião de sábado entre Trump e seu homólogo chinês, Xi Jinping, será o ponto alto do primeiro G20 na América do Sul.
Governos, mercados e empresas aguardarão os resultados dessa reunião.
O presidente americano disse ver "bons sinais" nas relações comerciais entre os dois países.
Mas também se mostrou reticente a um acordo nas últimas horas.
"Acho que estamos muito perto de fazer algo com a China, mas não sei se quero fazê-lo", disse Trump antes de iniciar sua viagem.
Ao exigir que Pequim acabe com as práticas comerciais, Trump impôs tarifas que chegaram a 300 bilhões de dólares, incluindo 250 bilhões de dólares sobre produtos chineses, e afetaram as importações de aço e alumínio de outros países.
E a China não demorou a reagir com medidas recíprocas, o que alimentou a "guerra comercial" que os analistas temem que possa atingir a economia mundial.
A próxima série de aumentos está prevista para 1º de janeiro, quando as tarifas dos Estados Unidos sobre as importações chinesas no valor de 200 bilhões de dólares podem subir de 10% a 25% se os dois gigantes não chegarem a um acordo.
- Não a Putin -Antes de deixar Washington, Trump cancelou o seu encontro previsto na na Argentina com seu colega russo, devido ao conflito com a Ucrânia.
As tensões entre Kiev e Moscou alcançaram o seu auge após a Rússia reter três navios militares ucranianos em frente à costa da Crimeia. A seguir, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, alertou sobre "a ameaça de uma guerra total" com a Rússia.
A anulação também acontece em meio à controvérsia nos Estados Unidos sobre novas revelações na investigação de uma suposta interferência da Rússia na campanha presidencial de 2016.
O presidente americano reiterou a sua inocência em relação a um acordo imobiliário com Moscou que fez parte da investigação. "Caça às bruxas", tuitou Trump.
A polêmica está mais viva depois que seu ex-advogado Michael Cohen se declarou culpado de mentir ao Congresso sobre este negócio imobiliário para limitar a investigação sobre a ingerência russa na campanha eleitoral.
Trump também deve medir forças com o presidente da França, Emmanuel Macron, que pretende incluir o aquecimento global nos primeiros pontos da agenda do G20, antes da conferência sobre clima COP24, em 2 de dezembro, na Polônia.
Mas Trump, que não se cansa de colocar a mudança climática em dúvida, retirou o seu país dos acordos ambientais de Paris em junho de 2017, pouco depois de chegar à Casa Branca.
Nesse contexto, será difícil que este G20 cumpra a promessa que fez em sua primeira cúpula, 10 anos atrás: o multilateralismo para assegurar a "prosperidade" no mundo.
"Dialogar e dialogar é a forma de empurrar os limites do possível", disse o presidente argentino, Mauricio Macri, ao abrir o fórum que reúne os líderes dos 20 países mais potentes e emergentes do planeta.
Ao chegar à reunião, o presidente russo, Vladimir Putin, cumprimentou com entusiasmo o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, no centro da polêmica pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
Depois que Trump cancelou o encontro que os dois haviam marcado, Putin chegou com espírito combativo à cúpula - que termina no sábado - ao denunciar as "práticas viciosas" das "sanções unilaterais" e do protecionismo comercial.
Ao menos, no que se mostra como um dos poucos momentos de consenso, Estados Unidos, México e Canadá assinaram um novo tratado de livre-comércio após meses de tensão, idas e vindas.
Batizado T-MEC pelos mexicanos, o acordo substitui o Nafta, que regia o comércio entre esses três países desde 1994 e que foi derrubado por Trump.
- 'Um disparate' -Para o presidente argentino, o G20 será uma oportunidade de mostrar ao mundo uma melhor imagem de seu país, na esperança de seduzir os inversores para que o dinheiro flua na debilitada economia argentina.
Mas as ruas - vigiadas por 24 mil efetivos de seguranças e com áreas fechadas para o tráfego - podem surpreendê-lo.
Dezenas de organizações sociais que rejeitam o G20 e, em particular, o Fundo Monetário Internacional, com o qual o governo Macri assinou um acordo de 56 bilhões de dólares para estabilizar o mercado de câmbio, estão se preparando para realizar protestos.
O centro de Buenos Aires, nos arredores da Casa Rosada (sede do governo), uma região de muita atividade por concentrar escritórios e comércios, está fechado ao trânsito com cercas custodiadas por policiais. Apenas podem circular poucos pedestres que vão trabalhar, embora hoje tenha sido decretado feriado para limitar os deslocamentos.
"A cúpula me parece um disparate. Estamos mal e ainda temos que gastar um monte de dinheiro para isso?", reclama Agustina Vianello, de 25 anos, em seu caminho para o trabalho.
- Trump-Xi -A reunião de sábado entre Trump e seu homólogo chinês, Xi Jinping, será o ponto alto do primeiro G20 na América do Sul.
Governos, mercados e empresas aguardarão os resultados dessa reunião.
O presidente americano disse ver "bons sinais" nas relações comerciais entre os dois países.
Mas também se mostrou reticente a um acordo nas últimas horas.
"Acho que estamos muito perto de fazer algo com a China, mas não sei se quero fazê-lo", disse Trump antes de iniciar sua viagem.
Ao exigir que Pequim acabe com as práticas comerciais, Trump impôs tarifas que chegaram a 300 bilhões de dólares, incluindo 250 bilhões de dólares sobre produtos chineses, e afetaram as importações de aço e alumínio de outros países.
E a China não demorou a reagir com medidas recíprocas, o que alimentou a "guerra comercial" que os analistas temem que possa atingir a economia mundial.
A próxima série de aumentos está prevista para 1º de janeiro, quando as tarifas dos Estados Unidos sobre as importações chinesas no valor de 200 bilhões de dólares podem subir de 10% a 25% se os dois gigantes não chegarem a um acordo.
- Não a Putin -Antes de deixar Washington, Trump cancelou o seu encontro previsto na na Argentina com seu colega russo, devido ao conflito com a Ucrânia.
As tensões entre Kiev e Moscou alcançaram o seu auge após a Rússia reter três navios militares ucranianos em frente à costa da Crimeia. A seguir, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, alertou sobre "a ameaça de uma guerra total" com a Rússia.
A anulação também acontece em meio à controvérsia nos Estados Unidos sobre novas revelações na investigação de uma suposta interferência da Rússia na campanha presidencial de 2016.
O presidente americano reiterou a sua inocência em relação a um acordo imobiliário com Moscou que fez parte da investigação. "Caça às bruxas", tuitou Trump.
A polêmica está mais viva depois que seu ex-advogado Michael Cohen se declarou culpado de mentir ao Congresso sobre este negócio imobiliário para limitar a investigação sobre a ingerência russa na campanha eleitoral.
Trump também deve medir forças com o presidente da França, Emmanuel Macron, que pretende incluir o aquecimento global nos primeiros pontos da agenda do G20, antes da conferência sobre clima COP24, em 2 de dezembro, na Polônia.
Mas Trump, que não se cansa de colocar a mudança climática em dúvida, retirou o seu país dos acordos ambientais de Paris em junho de 2017, pouco depois de chegar à Casa Branca.
Nesse contexto, será difícil que este G20 cumpra a promessa que fez em sua primeira cúpula, 10 anos atrás: o multilateralismo para assegurar a "prosperidade" no mundo.
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