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Ministro cubano vai a Davos buscar investimos

23/01/2019 15h06

Davos, Suíça, 23 Jan 2019 (AFP) - Talvez a última pessoas que se espera encontrar no Fórum de Davos seja um ministro cubano. Mas o regime comunista fundado por Fidel Castro está se transformando e, pela primeira vez em 25 anos, um membro do governo veio ao seio do capitalismo mundial buscar investimentos.

"Nós nos sentimos normais", disse à AFP com um sorriso Rodrigo Malmierca, ministro de Comércio Exterior cubano, questionado pela AFP sobre sua presença no fórum, que há apenas um ano o jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, ainda classificava como "show midiático".

Mas Cuba, que neste ano comemora os 60 anos da revolução, está imersa no que seu governo chama de "atualização" de sua economia.

O próprio presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, admitiu há alguns dias que "a batalha mais importante" de Cuba é a economia, que cresceu apenas 1,2% em 2018, bem baixo dos 5% necessários para impulsionar o desenvolvimento da ilha, de acordo com especialistas locais.

"Cuba tem uma política de atualização de seu modelo econômico e uma das bases é a diversificação de seus vínculos econômicos com o exterior", disse na terça em Davos Malmierca, diplomata que também foi embaixador na Bélgica e ante as Nações Unidas.

O chamado plano de atualização econômica quer que as empresas cubanas, mesmo sendo de propriedade estatal, possam funcionar "com certa independência", dar mais protagonismo à propriedade privada em alguns setores e atrair capital estrangeiro.

Tudo isso vem do setor turístico, que continua a ser o mais importante da economia da ilha.

A última visita de uma autoridade cubana a Davos foi em 1995, quando o então vice-presidente Carlos Lage foi ao fórum econômico, que anualmente reúne a elite política e econômica mundial.

A presença de Malmierca em Davos "ilustra esta novidade, para retomar as palavras do regime cubano, de 'atualizar' o modelo deste país", afirma Gaspard Estrada, especialista de América Latina no Instituto de Ciências Políticas de Paris.

"Mas vamos ver se com estas visitas será possível transformar este modelo econômico, mas levando em conta que Donald Trump tende a se radicalizar em suas posições e que uma de suas principais bases eleitorais são as pessoas idosas da Flórida", as mais contrárias ao regime cubano, indica Estrada.

Contudo, a economia cubana continua a se deparar com o eterno problema do embargo que os Estados Unidos impõem a Cuba desde 1962.

"O bloqueio econômico comercial e financeiro dos Estados Unidos a Cuba é o principal obstáculo para o desenvolvimento econômico de Cuba. Isso continua sendo assim", afirma Malmierca.

Essa situação piorou desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, há dois anos.

"O governo Trump está fazendo o bloqueio mais forte, o que está endurecendo em determinados setores, especialmente no setor financeiro. (...) Tudo isso buscando que tenhamos mais trabalho para fazer os negócios", garante o ministro.

pc/zm/ll