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Bombeiros mantêm buscas por sobreviventes em Brumadinho

26/01/2019 20h46

Brumadinho, Brasil, 26 Jan 2019 (AFP) - Apesar da chuva, os bombeiros continuavam as buscas por sobreviventes em Brumadinho, neste sábado (26), onde na sexta-feira o rompimento de uma barragem de contenção de resíduos da Vale deixou, até o momento, 34 mortos e cerca de 300 desaparecidos.

"São 34 corpos retirados dos resíduos", informou o Corpo de Bombeiros do estado de Minas Gerais, atualizando o balanço anterior de 11 mortos, enquanto o número de desaparecidos permanece em 296.

Segundo as autoridades, praticamente todos os desaparecidos são funcionários, ou trabalhadores terceirizados, da Vale. Das 170 pessoas resgatadas, 23 foram hospitalizadas.

A catástrofe aconteceu por volta das 15h de sexta-feira no município de Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, e sepultou boa parte das instalações do complexo mineiro Córrego do Feijão, da mineradora Vale.

O desespero toma conta de quem não sabe o paradeiro de familiares e de amigos.

"Tinha gente aqui, casas. Estou arrasada com essa tragédia", disse à AFP Rosilene Aganetti, de 57 anos, apontando para o rio de lama que corre em uma região vizinha.

Imagens aéreas mostram casas destruídas, animais enlameados e veículos cobertos pela maré marrom, que também toma conta da vegetação nesta área.

Na sexta à noite, o governador do estado, Romeu Zema, afirmou que as chances de encontrar sobreviventes eram "mínimas", mas o Corpo de Bombeiros informou que três pessoas foram encontradas com vida e que "há chance de encontrar mais".

Os trabalhos de busca devem se estender durante semanas, "para que possamos dar notícias a todas as famílias dos desaparecidos", declarou o comandante do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Edgard Evesto.

O dia amanheceu com sol em Brumadinho, uma localidade de 39 mil habitantes, mas durante a tarde houve pancadas de chuvas que podem atrapalhar as buscas.

- Vale na mira -"Faremos o que estiver ao nosso alcance para atender as vítimas, minimizar danos, apurar os fatos, cobrar justiça e prevenir novas tragédias como a de Mariana e Brumadinho", tuitou o presidente Jair Bolsonaro, que sobrevoou a região de helicóptero na manhã deste sábado.

Em um tuíte posterior, Bolsonaro disse que aceitou a ajuda tecnológica oferecida pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, "para a busca de desaparecidos". Ambos estreitaram laços recentemente.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, manifestou suas condolências "às vítimas e ao governo do Brasil" e disse que a organização está pronta para ajudar "nas ações de emergência".

Em novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, a 125 km de Brumadinho, deixou 19 mortos e provocou uma enxurrada de resíduos que contaminou terras e rios ao longo do rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo, até chegar ao mar.

Aquela barragem pertencia à Samarco, empresa controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP-Billiton.

O governo anunciou neste sábado a aplicação de uma primeira multa de R$ 250 milhões à Vale por crimes ambientais.

A secretaria estadual do Meio Ambiente também prepara outra multa, e a Justiça de Minas Gerais decretou o bloqueio de R$ 1 bilhão da Vale para ressarcir as vítimas.

Também decretou a quebra do sigilo telefônico dos funcionários da Vale desaparecidos para facilitar sua localização.

Segundo o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, a represa não era usada há três anos e era verificada regularmente.

A tragédia provocou duras críticas de organizações ambientalistas, como Greenpeace e SOS Mata Atlântica, de líderes políticos e de especialistas em gestão de riscos.

"É incrível: três anos e dois meses depois de Mariana, outro acidente na mesma região e com as mesmas características. Podemos dizer que não houve nenhum avanço com relação às medidas de governo, nem às práticas empresariais", disse à AFP o diretor de campanha do Greenpeace Brasil, Nilo d'Ávila.

"Que a tragédia de Brumadinho abra os olhos do governo. Meio ambiente não é zoeira de esquerda: é respeito à vida das pessoas e do planeta. O Governo deve regular e fiscalizar com mais energia sem demonizar quem disso se ocupa", tuitou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

bur-pr/js/yow/fp/ll/tt

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