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Bolívia reconhece queda de produção de jazida que fornece gás ao Brasil

27/03/2019 19h06

La Paz, 27 Mar 2019 (AFP) - A estatal petroleira da Bolívia YPFB admitiu, nesta quarta-feira, a queda da produção de uma de suas principais jazidas que fornece gás natural ao Brasil, após a Petrobras aplicar multas econômicas por descumprimento do contrato de fornecimento.

O vice-presidente da YPFB, Gonzalo Saavedra, informou em coletiva de imprensa que o importante reservatório de San Alberto, no sul do país, entrou em uma fase de declínio.

"Vocês (jornalistas) conhecem o campo de San Alberto, que já está produzindo há muito tempo. É natural que tenha esse declínio, não é uma reserva eterna", afirmou.

San Alberto está entre as principais jazidas de gás na Bolívia, com outros como Sábalo, Margarita-Huacaya e Itaú. A produção total atende aos mercados brasileiro, argentino e interno.

De acordo com Saavedra, a Bolívia está em fase de descoberta e início de produção em outros campos para compensar a queda de seus reservatórios.

A queda na produção, bem como outras causas técnicas e de variação na nomeação volumes, provocaram a queda da exportação para o Brasil, motivo pelo qual a Petrobras aplicou multas à YPFB, por descumprimento de contrato.

Saavedra, que confirmou a multa, não quis revelar seu valor, porque isso depende de "cálculos matemáticos", embora tenha garantido que a YPFB transferirá o pagamento à Petrobras-Bolívia, operadora do campo San Antonio, de acordo com o convênio.

Segundo a mídia brasileira, a Petrobras solicitou uma média de 26 milhões de metros cúbicos por dia (mmcd) de gás durante 2018, mas a Bolívia recebeu 22,6 mmcd e, por esse motivo, deve aplicar multas, conforme o contrato atual, em vigor desde 1996.

O secretário de Energia do governo de Santa Cruz, Herland Soliz, e o ex-ministro de Hidrocarbonetos, Mauricio Medinaceli, expressaram seus temores sobre as dúvidas de que a Bolívia gera como vendedor confiável.

"Há desconfiança sobre as reservas de gás do país", disse Soliz, enquanto Medinaceli afirmou que a situação apresentada "demonstra a fragilidade de nossa produção".

A oposição política apontou várias vezes que há uma superexploração de campos e que os investimentos para o desenvolvimento de reservatórios que foram impostos pelo governo do presidente Evo Morales foram insuficientes.

As exportações de gás natural para o Brasil e para a Argentina são a principal fonte de renda da Bolívia. O país tem 10,7 trilhões de pés cúbicos de gás de reservas provadas.

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