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Explosões deixam mais de 200 mortos no domingo de Páscoa no Sri Lanka

21/04/2019 14h36

Colombo, 21 Abr 2019 (AFP) - Pelo menos 207 pessoas morreram, entre elas dezenas de estrangeiros, e 450 ficaram feridas em atentados contra três igrejas que celebravam missas de Páscoa e quatro hotéis de luxo no Sri Lanka neste domingo (21).

Diante da gravidade da situação, o governo decretou um toque de recolher de duração indeterminada que entrou em vigor neste domingo, além do bloqueio temporário de redes sociais no país.

Segundo o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe, oito pessoas foram presas por ligação com os ataques. O premiê afirmou que "até agora, os nomes que surgiram são locais", mas investigadores apuram se os criminosos têm "ligações internacionais".

Por ora, foram contabilizados 207 mortos e 450 feridos nos ataques, cuja autoria ainda não foi reivindicada, informou o porta-voz da polícia, Ruwan Gunasekera, em entrevista coletiva.

Esse é o episódio mais violento ocorrido no país desde o fim da guerra civil, há uma década.

Em um vídeo gravado em uma das igrejas atacadas, é possível ver vários corpos caídos no chão, em meio aos escombros. A explosão foi tão forte que fez parte do teto desabar.

Foram oito explosões na ilha turística: seis, pela manhã; e duas, à tarde. Pelo menos duas delas foram feitas por homem-bombas, segundo depoimentos, mas o porta-voz da polícia, Ruwan Gunasekera, afirmou que não podia "confirmar se foram ataques suicidas".

O primeiro-ministro cingalês, Ranil Wickremesinghe, classificou os ataques como "covardes" e fez um apelo pela unidade do país.

O arcebispo de Colombo, Malcom Ranjit, pediu para o governo do Sri Lanka "castigar sem piedade" os responsáveis, por meio de uma "investigação sólida imparcial".

Dirigindo-se aos fiéis reunidos na praça de São Pedro do Vaticano, o papa Francisco expressou sua "tristeza" e se declarou próximo a "todas as vítimas de uma violência tão cruel".

Com 21 milhões de habitantes, o Sri Lanka é um país majoritariamente budista, que conta com cerca de 1,2 milhão de católicos. A população é aproximadamente 70% budista, 12% hindu, 10% muçulmana e 7% cristã.

- Condenação internacional -De manhã, em Colombo, foram executados três ataques em três hotéis de luxo e em uma igreja que deixaram pelo menos 64 mortos, segundo uma fonte policial.

Em uma igreja em Negombo, no norte da capital, 67 pessoas perderam a vida, e 25 em outra em Batticaloa, no leste da ilha.

À tarde, pelo menos duas pessoas morreram em outra explosão em um quarto hotel, localizado em Dehiwala, na periferia sul da capital. Em Orugodawatta, ao norte de Colombo, um homem se incendiou em um prédio e matou três agentes, segundo a polícia.

Entre os mortos, há pelo menos 35 estrangeiros - inclusive um português, um holandês e vários americanos. Cidadãos japoneses e britânicos ficaram feridos.

Os corpos de 27 pessoas, que seriam estrangeiras, segundo autoridades, foram levados para o hospital nacional de Colombo, segundo Ravinatha Aryasinha, funcionário do Ministério das Relações Exteriores.

Do Irã ao Reino Unido, as condolências e os pedidos de defesa à liberdade religiosa e de combate ao terrorismo se multiplicaram mundo afora. O presidente americano, Donald Trump, afirmou que seu país está "disposto a ajudar", como já tinha dito a União Europeia.

O chefe de polícia do Sri Lanka, Pujuth Jayasundara, alertou há dez dias, em nota aos oficiais de alto escalão, que um grupo muçulmano radical planejava ataques suicidas contra "importantes igrejas, assim como à embaixada indiana em Colombo".

O NTJ é um grupo muçulmano radical do Sri Lanka que ficou conhecido no ano passado quando foi envolvido em atos de vandalismo contra contra estátuas budistas.

- "Era o caos total" -As primeiras explosões ocorreram na igreja de Santo Antônio, na capital, e na igreja de São Sebastião de Negombo.

"Eram oito e meia da manhã. Havia muitas famílias", contou à AFP um funcionário. Com um prato na mão, uma pessoa "se dirigiu ao começo da fila e detonou", acrescentou. "Um gerente que recebia os clientes está entre os que morreram imediatamente (...). Foi o caos total".

O ministro de Reformas Econômicas, Harsha de Silva, descreveu, no Twitter, "cenas horríveis" na igreja de Santo Antônio e nos dois hotéis atacados, que visitou.

"Vi pedaços de corpos espalhados por todas as partes", tuitou, acrescentando que houve "muitas vítimas, inclusive estrangeiros".

No Sri Lanka, os católicos são vistos como uma força unificadora, já que têm adeptos tanto entre os tâmeis como entre os cingaleses.

Contudo, alguns cristãos são malvistos, porque apoiam as investigações do exterior dos crimes supostamente cometidos pelas forças armadas contra os tâmeis durante a guerra, que acabou em 2009.

Segundo as Nações Unidas, o conflito de 1972 a 2009 deixou entre 80 mil e 100 mil mortos.

Em 2017, a Aliança Nacional Evangélica Cristã do Sri Lanka registrou uma centena de incidentes contra os cristãos na ilha, segundo informe do Departamento de Estado americano. No ano passado, autoridades decretaram 12 dias de estado de emergência para conter distúrbios contra muçulmanos no centro do país.

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