FMI: sanções ao Irã e instabilidade afetam crescimento no Oriente Médio
Dubai, 29 Abr 2019 (AFP) - As sanções americanas contra o Irã e a instabilidade, somadas à volatilidade do preço do petróleo, afetam o crescimento das economias do Oriente Médio e do Norte da África - afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta segunda-feira (29).
Em suas perspectivas econômicas regionais, o FMI advertiu que o horizonte dos países da região se "obscureceu, devido às incertezas" ligadas aos conflitos e a um crescimento insuficiente.
Esse cenário pode afetar a confiança dos investidores, "o que provocaria fuga de capitais e pressões sobre o câmbio", apontou o FMI.
De acordo com o Fundo, a economia do Irã, o terceiro maior produtor da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), retrocederia 6% do PIB este ano, após uma queda de 3,9% em 2018.
O diretor do Departamento de Oriente Médio e Ásia Central do FMI, Jihad Azour, declarou à AFP que a estimativa de -6% foi feita antes de Washington suprimir as isenções nas sanções. Isso pode fazer a economia do Irã retroceder ainda mais.
Em 2 de maio passado, o presidente americano, Donald Trump, decidiu pôr fim às disposições que ainda permitiam oito países (China, Índia, Turquia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Itália e Grécia) importar petróleo iraniano.
Deste modo, na semana passada, os Estados Unidos reforçaram ainda mais sua campanha de "pressão máxima" sobre o Irã, implantada após sua retirada em maio de 2018 do acordo na área nuclear.
- Recessão no Irã -"É o segundo ano consecutivo de recessão no Irã", disse Azour, acrescentando que as duras sanções econômicas restabelecidas pelos Estados Unidos em novembro impulsionaram a inflação para cerca de 50% no início deste ano.
Por causa da evolução da situação no Irã, segunda economia da região atrás da Arábia Saudita, o crescimento nos países exportadores de petróleo da região seria de apenas 0,4% em 2019, contra 0,6% no ano passado, segundo o FMI.
Já os países importadores de petróleo teriam um crescimento de 3,6% este ano, contra 4,2% em 2018.
No caso dos países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG, Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar e Kuwait), a economia teria leve avanço, passando de 2%, em 2018, para 2,1%, em 2019.
Ainda conforme o FMI, o crescimento da região do Oriente Médio e Norte da África continuaria fraco, situando-se em torno de 1,3% este ano contra 1,4% em 2018. Para 2020, porém, a expectativa é de que possa chegar a 3,2%.
- Reformas urgentes -O FMI ressalta que o crescimento na região se vê afetado pelos conflitos, pela corrupção, pela lentidão das reformas, pelo elevado nível da dívida e pelas flutuações contínuas dos preços do petróleo.
"As tensões sociais aumentam em um contexto de desaceleração do crescimento e desaceleração frente às reformas, o que ameaça a estabilidade macroeconômica", afirma o FMI.
Segundo o Fundo, essas tensões "podem fazer as reformas descarrilarem".
Após os levantes da Primavera Árabe de 2011, surgiram movimentos de protesto em 2019 na Argélia e no Sudão, enquanto foram registrados combates entre campos rivais na Líbia, e o conflito permanece sem solução no Iêmen.
Como consequência disso, as reformas na região são mais urgentes do que nunca, avaliou Azour, destacando a necessidade de reduzir a dependência do petróleo e a criação de empregos para os jovens.
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