Trump diz que acordo comercial com a China ainda é 'possível'
Washington, 9 Mai 2019 (AFP) - O presidente americano, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (9) que recebeu uma "linda carta" de seu colega chinês, Xi Jinping, e que ainda há possibilidade de salvar as negociações comerciais.
"É possível fazer isso", afirmou Trump à Imprensa na Casa Branca, horas antes de as duas maiores economias do mundo recomeçarem a as negociações comerciais, que estão à beira do colapso.
"Eu recebi ontem à noite uma carta muito linda do presidente Xi. Vamos trabalhar juntos e ver se nós conseguimos fazer alguma coisa", afirmou.
Ele acrescentou que ele e Xi devem se falar por telefone mais tarde.
Contudo, novas tarifas americanas contra produtos chineses entram em vigor à meia-noite, e Pequim prometeu adotar represálias.
Mas Trump insistiu que as tarifas são boas para a economia dos Estados Unidos, mesmo se aumentarem os preços para as empresas e os consumidores. "Sou diferente de muita gente. Eu acho que as tarifas são muito poderosas para nosso país", afirmou.
Meses de aparente boa vontade e otimismo pareceram desaparecer nesta semana, quando autoridades norte-americanas acusaram a China de reverter pontos já acordados. Os chineses negam ter feito isso.
"Eles pegaram muitas partes do acordo e renegociaram. Não se pode fazer isso", disse Trump na quinta-feira.
Mais cedo, o Ministério do Comércio da China disse que não iria "capitular a qualquer pressão" e ameaçou retaliar depois de enfatizar a drástica deterioração das negociações.
"O lado chinês mantém suas promessas, e isso não mudou", disse o ministério, sem especificar o tipo de medidas que Pequim pode aplicar contra os Estados Unidos. No entanto, a pasta alertou que a China "está pronta para todas as situações possíveis".
Desde o ano passado, as duas potências aplicaram reciprocamente tarifas sobre US$ 360 bilhões em produtos, prejudicando a agricultura americana e os setores industriais de ambos.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reiterou na quinta-feira que "as tensões entre os Estados Unidos e a China na esfera comercial são uma ameaça para a economia global".
- 'Mal-entendido fundamental' -O Departamento de Comércio dos Estados Unidos informou que, em março, o déficit comercial com a China foi o menor em três anos, com o aumento das exportações e o declínio das importações, especialmente em itens como telefones.
A efervescência repentina do conflito afetou os mercados e perturbou os exportadores dos EUA.
Mas a mensagem de Xi para Trump pareceu aliviar um pouco os nervos de Wall Street nesta quinta-feira, e o índice Dow Jones reduziu um pouco a queda da abertura da sessão.
As praças da Europa e da Ásia caíram novamente.
Derek Scissors, especialista chinês do American Enterprise Institute, disse à AFP que as duas partes entraram em confronto sobre quanto do que foi acordado deve ser preservado no documento final.
"Houve um mal-entendido fundamental", disse ele em um e-mail. "Trump enfrenta uma batalha política para vender à China que o documento é valioso, por isso, ele precisa de um documento público com o que ele recebe para os Estados Unidos", disse Scissors.
"Mas o que a China quer tornar pública é menos, e ela quer manter a privacidade", explicou. "Ambos não perceberam que têm tolerância diferente para a transparência".
Scott Kennedy, especialista em comércio do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que a China calculou mal o grau de ansiedade dos EUA em fechar um acordo a qualquer custo.
"Quando eles retiraram suas concessões da mesa, não imaginaram que o governo (de Trump) reagiria da mesma forma", disse ele à AFP.
Kennedy alertou que as chances de haver erros de cálculo em ambos os lados são "muito altas".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.