Sudeste asiático espera tirar proveito da guerra comercial EUA-China
Hanói, 29 Mai 2019 (AFP) - Os países do sudeste asiático, que fabricam de sapatos esportivos a relógios, esperam tirar proveito da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que deve levar muitas marcas a deixar de produzir no gigante asiático.
É o caso da Garco 10, empresa têxtil de Hanói, Vietnã, que produz camisas para marcas americanas como Hollister. No ano passado, suas exportações para os Estados Unidos aumentaram 7% e este ano dispararam 10%.
"Graças à guerra comercial entre Estados Unidos e China, vários setores da economia vietnamita conseguiram encontrar seu lugar, em particular nosso setor têxtil", diz o presidente da empresa, Than Duc Viet.
"Quando os Estados Unidos aplicaram tarifas aos produtos chineses, as empresas pensaram em seguida no Vietnã. Porque Vietnã e China são geograficamente muito próximos, de forma que deslocar material da China ao Vietnã e do Vietnã aos Estados Unidos equivale a exportar de China aos Estados Unidos", explica à AFP.
As exportações do Vietnã aos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2019 superaram os 16 bilhões de dólares, 40% mais em relação no mesmo período de 2018, segundo estatísticas americanas.
Trata-se de uma tendência que deveria se acentuar com a guerra comercial entre as duas principais economias do mundo.
Em 10 de maio, Donald Trump impôs novas tarifas alfandegárias de 200 bilhões de dólares a mercadorias chinesas.
A China tem previsto, por sua vez, aumentar as tarifas a 60 bilhões de dólares em mercadorias americanas a partir de 1º de junho.
Mais de 40% das empresas americanas presentes na China estão estudando deslocar sua produção para países do sudeste da Ásia ou para o México, segundo um estudo recente da Câmara de Comércio americana na China.
Algumas já o fizeram, como a japonesa Casio, que anunciou que levaria parte de sua produção de relógios para Tailândia e Japão para evitar as tarifas americanas.
A fabricante de sapatos Steve Madden, por sua vez, está estudando produzir mais no Camboja, enquanto a fabricante de material esportivo Brooks Running avalia deixar o Vietnã.
- Produtividade frágil -No entanto, o sudeste da Ásia não pode substituir totalmente a China, considerada a "oficina do mundo".
É certo que os custos são menores na região, graças aos salários menores: 250 euros no Vietnã, EUR 160 no Camboja e Indonésia contra EUR 480 na China. Mas a produtividade é muito menor.
"A mão de obra é três vezes mais cara na China, mas a produtividade é três vezes maior", afirma Frank Weiand, da Câmara de Comércio americana no Vietnã.
Além disso, a população economicamente ativa dos países do sudeste asiático não pode competir com os operários chineses. O Vietnã, por exemplo, tem dez milhões de pessoas no setor manufatureiro contra 166 milhões na China, segundo dados da Organização Mundial do Trabalho.
A Indonésia, por sua vez, tem 17 milhões de operários e o Camboja, 1,4 milhão.
A Indonésia é especialmente vulnerável, embora o país tenha ativado um programa de desenvolvimento de infraestruturas e de redução de impostos para as empresas que decidem se instalar lá.
a longo prazo, a guerra comercial entre Pequim e Washington poderia modificar o mapa da produção industrial na Ásia.
"Sem dúvida, porá fim ao predomínio da China como oficina dos Estados Unidos", diz Gary Hufbauer, do Peterson Institute for International Economics.
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