Irlanda manifesta à União Europeia 'preocupação' por acordo com Mercosul
Bruxelas, 13 Jun 2019 (AFP) - A Irlanda expressou para a Comissão Europeia sua "preocupação" com o desenvolvimento das negociações entre Mercosul e União Europeia (UE), alertando sobre as "consequências" para a pecuária europeia, em uma carta à qual a agência de notícias AFP teve acesso nesta quinta-feira.
"Tenho acompanhado com crescente preocupação os recentes acontecimentos nas negociações entre a UE e o Mercosul, e o que parece ser a crescente aproximação de um acordo desequilibrado", escreveu o ministro irlandês da Agricultura, Michael Creed, em mensagem datada de 7 de junho.
Michael Creed adverte o comissário europeu da Agricultura, o também irlandês Phil Hogan, das "consequências potencialmente muito negativas para a agricultura da UE e, em particular, para o setor de carne bovina" e pede que não sejam feitas "outras concessões" nesse setor.
O ministro irlandês pediu à UE para "garantir a coerência política (...) com sua responsabilidade em matéria de mudanças climáticas, cuidando para que não se permita um aumento na importação de carne de bovina procedente de parceiros comerciais que produzam de maneira menos sustentável".
Procurada pela AFP, a Comissão não quis comentar o caso.
A preocupação irlandesa se une à dos produtores de carne bovina da França, que demonstraram alarde no fim de maio, após declarações de uma comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, que afirmou que a UE e o Mercosul "se aproximam" de um acordo.
Dias depois, a Comissão Europeia se viu obrigada a baixar as expectativas quando o presidente Jair Bolsonaro e seu colega argentino Mauricio Macri falaram do acordo "iminente", após uma reunião bilateral em Buenos Aires no dia 6 de junho.
Chegar a um acordo é "difícil, mas estamos trabalhando duro nesse sentido", afirmou na terça-feira o titular da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em um encontro organizado pelo Politico Europe.
A UE e os países do Mercosul - Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai - iniciaram em 1999 suas negociações para um acordo de livre comércio. As conversas foram suspensas entre 2004 e 2010.
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