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Morre Paul Volcker, ex-presidente do Fed

09/12/2019 16h57

Washington, 9 dez 2019 (AFP) - O ex-presidente do Fed e lenda das finanças nos Estados Unidos Paul Volcker morreu no domingo, aos 92 anos - informou sua família nesta segunda-feira (9).

De acordo com sua filha Janice Zima, em declaração à AFP, Volcker faleceu em sua casa em Manhattan, em decorrência de complicações por um câncer de próstata.

Volcker presidiu o Banco Central americano de 1979 a 1987, onde, com mão de ferro, conseguiu conter a inflação galopante.

Conhecido por seu bom humor, Paul Volcker trilhou sua longa carreira como banqueiro e um funcionário ferozmente independente, que exercia a política monetária com autoridade e perspicácia.

Era democrata, mas aconselhou presidentes americanos de ambos os partidos. O primeiro deles foi o republicano Richard Nixon, em 1971, no Departamento do Tesouro, onde ajudou a guiar a saída dos Estados Unidos do padrão ouro.

No governo de Barack Obama, do qual foi consultor após a crise financeira, Volcker implementou a "regra" bancária que leva seu nome.

O objetivo era impedir que os bancos especulassem por conta própria, evitando, assim, uma repetição da catástrofe que deixou a economia americana de joelhos.

Foi como presidente do Fed que deixou sua marca mais profunda: primeiramente, no governo do democrata Jimmy Carter e, depois, na administração do republicano Ronald Reagan, ganhando o respeito dos economistas do mundo todo.

"Sua vida exemplificou os mais altos ideais: integridade, coragem e um compromisso de fazer o melhor para todos os americanos. Suas contribuições para o país deixaram um legado duradouro", disse o atual presidente do Fed, Jerome Powell, declarando-se "profundamente triste" com o falecimento de Volcker.

Depois de anunciar sua candidatura à Casa Branca em 2015, o presidente Donald Trump também manifestou sua admiração por Volcker. "Há algo muito sólido em sua política e em sua atitude", comentou.

Hoje, Carter manifestou sua tristeza com a morte de Volcker, a quem chamou de "gigante do serviço público".

"Paul era tão obstinado quanto alto e, embora algumas de suas políticas como presidente do Fed tenham sido politicamente custosas, eram o correto", declarou o ex-presidente, que teve sua reeleição dificultada também por problemas econômicos.

- 'Remédio amargo' -Em meio à crise do petróleo no final da década de 1970, a economia americana sofreu uma inflação descontrolada. Carter rejeitou o conselho dos assistentes que disseram que pôr Volcker no Fed significaria um "remédio amargo".

Com a inflação alcançando 14% ao ano, Volcker não escondeu seus planos de aumentar as taxas de juros. Em sua gestão, elas pularam de 11% para 20%. Hoje, em termos comparativos, as taxas estão em uma faixa que varia de 1,5% a 1,75%.

Esse ajuste dramático foi especialmente doloroso e golpeou o país durante uma recessão. Ainda assim, Volcker não cedeu.

"Se sentia intelectualmente estimulado por uma crise", disse sua falecida esposa Barbara, segundo relato do jornalista e escritor William Neikirk.

A persistência de Volcker foi recompensada, e a inflação caiu para 3% em 1983.

Volcker deixou o Fed em 1987 e se tornou diretor-executivo do banco de investimentos de James Wolfensohn. Este último se tornaria presidente do Banco Mundial.

Neto de imigrantes alemães, apaixonado pela pesca com mosca e conhecido por sua austeridade, Volcker nasceu em 1927, em Cape May, Nova Jersey. Estudou nas universidades de Princeton e Harvard.

Pai de dois filhos, casou-se em 2010, aos 83, com sua assistente de longa data, 12 anos após a morte de sua primeira esposa, Barbara.

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