Impasse em negociação da UE sobre plano de recuperação pós-pandemia
Bruxelas, 8 Abr 2020 (AFP) - Os ministros das Finanças europeus não chegaram a um acordo, nesta terça-feira, sobre a resposta econômica à pandemia de coronavírus: os países do Norte rejeitam a exigência dos estados do Sul de um esforço financeiro sem precedentes com dívida compartilhada.
A videoconferência, que começou às 16H30 (11H30 Brasília), foi retomada por volta da meia-noite (19H00), após várias horas de interrupção marcadas por discussões entre pequenos grupos para tentar superar o impasse.
"Nesta fase não há acordo. Isto exigirá tempo", declarou uma fonte europeia, prevendo que as discussões vão durar toda a madrugada.
Independentemente do resultado da conferência, haverá uma entrevista coletiva às 10H00 (05H00) desta quarta-feira.
A conferência é um teste da unidade dos 27 membros da UE, que não podem se dar ao luxo de mostrar divisões após o fracasso da cúpula de chefes de Estado e de Governo de 26 de março sobre a crise.
Diante da pandemia, a resposta europeia será orientada em três eixos: até 240 bilhões de euros em créditos do fundo de socorro da zona do euro, um fundo de suporte para as empresas e ajuda ao desemprego.
Mas o países mais atingidos pelo coronavírus, principalmente Itália e Espanha, exigem a criação de um instrumento de dívida compartilhada - já chamado de "coronabônus" - destinado a reativar a economia após o fim da crise.
- "Plano de recuperação" -A proposta também conta com o apoio de França, Grécia, Malta, Luxemburgo e Irlanda, segundo várias fontes.
"Os eurobônus representam uma resposta séria e apropriada", disse na noite de segunda-feira o chefe de governo italiano, Giuseppe Conte, cujo país é o mais afetado da Europa (com 17.127 mortes).
Espanha e Itália, em oposição aos países do norte da Europa (liderados por Alemanha e Holanda), provocaram o fracasso da cúpula do final de março.
A 'mutualização' da dívida constitui uma linha vermelha para Berlim e Haia, que se negam a assumir um crédito conjunto com os Estados muito endividados do Sul, que consideram maus gestores.
Dinamarca, Áustria, Suécia e os Estados bálticos estão na mesma posição, segundo uma fonte europeia.
Antes da conferência, o presidente do Eurogrupo, Mario Centeno, pediu aos ministros que "assumam claramente um plano de recuperação coordenado e de grande envergadura" para o pós-pandemia, mas não citou a ideia de dívida compartilhada.
No lugar de discutir uma hipotética dívida compartilhada, os países do Norte preferem se concentrar nos instrumentos já existentes para paliar o impacto econômico, como o Mecanismo Europeu de Estabilidade, criado em 2012 durante a crise da dívida.
bur-zap/cn/lr
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