UE lamenta falta de progresso em negociação comercial com Reino Unido
Bruxelas, 24 Abr 2020 (AFP) - O negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, lamentou nesta sexta-feira (24) a falta de progresso nas negociações sobre o futuro relacionamento com o Reino Unido, interrompidas há semanas pela crise do novo coronavírus.
"Precisamos de progresso real antes do mês de junho, se quisermos chegar a um acordo à altura da nossa interdependência econômica e proximidade geográfica até o final do ano", disse Barnier em entrevista coletiva após uma segunda rodada de negociações.
"O Reino Unido não quis se aprofundar de maneira séria em certos pontos fundamentais", lamentou, após discussões realizadas por videoconferência, em que os britânicos reafirmaram sua intenção de não prolongar o período de transição.
O Reino Unido deixou a União Europeia (UE) em 31 de janeiro, mas continua a respeitar as regras europeias e a fazer parte do mercado único e da união aduaneira europeia até 31 de dezembro, enquanto negocia seu futuro relacionamento com seus agora ex-parceiros.
Até 30 de junho, as partes devem decidir se prorrogam o período de transição e, portanto, as negociações. Embora, "no momento, o governo britânico tenha indicado que se recusa a estendê-lo", afirmou Barnier.
"O Reino Unido não pode se recusar a ampliar a transição e, ao mesmo tempo, desacelerar as discussões em áreas importantes", apontou o negociador europeu, citando a pesca, concorrência desleal, ou governança do acordo.
Sobre a questão delicada do acesso dos navios europeus às águas britânicas, Barnier confirmou que o Reino Unido ainda não apresentou uma proposta de texto legal, apesar de ambas as partes terem prometido chegar a um acordo sobre a questão até julho.
E, "se não houver acordo sobre a pesca, não haverá acordo comercial. É simples assim. Acho que o Reino Unido recebeu a mensagem", frisou Barnier, que negociou o acordo de divórcio atualmente em vigor.
"Basicamente, não avançamos um pingo", resumiu uma fonte europeia.
"O problema é que o Brexit se tornou a última roda da carruagem com a pandemia. Falta atenção política - natural nessas circunstâncias - e cansaço", acrescentou.
Consequências: mesmo que Londres e Bruxelas continuem expressando sua "ambição" e vontade de avançar, as diferenças já presentes no início de março, após a primeira rodada de negociações, permanecem.
No caso de um acordo não ser alcançado, as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) passarão a ser aplicadas à relação comercial entre as duas partes, o que se traduz em tarifas mais altas e na reintrodução de barreiras alfandegárias.
Em um contexto de crise do coronavírus, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pediu para não "acrescentar" mais pressão a essa "incerteza sem precedentes", solicitando uma extensão do período de negociação.
tjc/mis/mr/tt
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