Fundo soberano da Noruega exclui gigantes da mineração e da eletricidade
Oslo, 13 Mai 2020 (AFP) - O fundo soberano da Noruega, o maior do mundo com mais de US$ 1 trilhão em ativos, colocou 12 novos grupos em sua lista negra, incluindo gigantes da mineração como a brasileira Vale e a britânica Anglo American - anunciou o Banco da Noruega nesta quarta-feira (veja lista das empresas mais abaixo, neste texto).
A exclusão dos grupos, que também inclui as produtoras de eletricidade brasileira Eletrobras, a alemã RWE, a australiana AGL Energy e a sul-africana Sasol, é motivada, entre outras questões, pela exploração do carvão.
No ano passado, o Parlamento norueguês reforçou os critérios de investimento do fundo para forçá-lo a se afastar dos combustíveis fósseis, responsáveis pelo aquecimento global.
O Banco da Noruega, que supervisiona o fundo, também anunciou que colocou sob observação, pelas mesmas razões, o BHP Group, Vistra Energy, Enel e Uniper.
Isso significa que essas empresas estarão sujeitas a um monitoramento que pode levar à sua exclusão.
O Banco Central informou que a exclusão de sete empresas foi decidida por critérios puramente éticos.
O conselho de ética, o órgão consultivo que orienta o fundo em seus investimentos, recomendou o banimento da Canadian Natural Resources, da Cenovus Energy, da Suncor Energy e do Imperial Oil por causa de suas "inaceitáveis emissões de gases de efeito estufa".
A Vale e a egípcia ElSewedy Electric se juntaram à lista, acusadas de "graves danos ambientais", assim como a Eletrobras, acusada de violar os direitos humanos durante o desenvolvimento da usina de Belo Monte.
Outras duas empresas - a American Aecom e a Texwinca Holdings (Hong Kong) - foram reintegradas: a primeira, por ter abandonado a construção de armas nucleares; e a segunda, por liquidar uma subsidiária acusada de violar os direitos dos trabalhadores.
Investido em mais de 9.000 empresas, o fundo soberano norueguês controla o equivalente a 1,5% da capitalização de mercado mundial.
Suas decisões de investimento são ainda mais importantes, pois geralmente são seguidas por outros investidores.
Veja a lista das empresas excluídas:
- Anglo American
- Imperial Oil
- Sasol
- Glencore
- Eletrobras
- RWE
- Cenovus Energy
- Canadian Natural Resources
- EneL
- Vale
Enel manda nota de resposta
A empresa de energia Enel, incluída na lista, enviou nota comentando a situação. Veja a íntegra:
"A Enel declarou publicamente, em seu Relatório Anual de 2019, o compromisso de desenvolver seu modelo de negócios em linha com os objetivos do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura média global a menos de 2° C acima dos níveis pré-industriais e fazer todo o possível para limitar o aumento a 1,5 ° C. A Enel renovou oficialmente este compromisso, respondendo ao pedido de ação das Nações Unidas ao assinar um compromisso de tomar medidas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 ° C e alcançar zero emissões até 2050.
Para atingir estes objetivos, durante o Capital Markets Day, realizado em novembro de 2019, a Enel anunciou um plano para eliminar gradualmente o carvão, o que implica uma redução ainda maior em sua capacidade e produção por carvão, que após ter sido reduzida em quase 60% de 2012 a 2019 deverá diminuir mais 55% até 2022. A capacidade instalada de carvão era de 11,7 GW em 2019 e deverá cair para 6,6 GW em 2022.
Em termos de receita proveniente de carvão, em 2019 ela representou meros 3,5% da receita do Grupo, como também reportado no Relatório Anual de 2019 da Enel.
Como resultado de seu compromisso com a descarbonização e a eliminação progressiva do carvão, conforme anunciado em setembro de 2019, a Enel estabeleceu uma nova meta de emissões para 2030, que consiste em reduzir em 70% as emissões de CO2 por kwh até 2030, em comparação com 2017. Esta meta é coerente com o critério de bem abaixo dos dois graus da IEA (o critério mais desafiador estabelecido pelo SBTi para o setor de serviços públicos até hoje)."
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