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Multinacionais: quem ganha e quem perde na pandemia?

13/05/2020 13h04

Milão, 13 Mai 2020 (AFP) - A epidemia do novo coronavírus, que levará a uma recessão mundial severa, afetou as multinacionais de forma diferente, com setores perdendo, mas também com grandes ganhadores - é o que aponta um estudo feito pelo centro de pesquisa do banco italiano Mediobanca.

O estudo é baseado nos resultados econômicos do primeiro trimestre de mais de 150 empresas, com um faturamento de mais de três bilhões de euros.

- Os ganhadores -As multinacionais da Internet ("WebSoft") estão em primeiro lugar entre os grandes ganhadores. As vendas no setor - incluindo a Amazon, que representa mais de um terço - aumentaram 17,4%, e o lucro líquido, 14,9%.

"É um setor que sempre cresceu rapidamente e continua mantendo essa velocidade", destaca o centro de estudos do Mediobanca.

Durante a epidemia, graças ao aumento dos serviços na nuvem (+ 27,4%), necessário para o trabalho remoto, novas assinaturas foram registradas (+ 26,5%), assim como mais comércio on-line (+ 22,8%).

Aqui, a lista de perdedores inclui vendas de viagens on-line.

A maioria das empresas do setor confirmou, ou aumentou, o pagamento de dividendos a seus acionistas, com um aumento médio de 11%.

- O setor de varejo -A pandemia - lembra o estudo - gerou um "crescimento sem precedentes" para o setor de varejo, devido ao aumento da demanda e à mudança no comportamento dos compradores.

A venda de alimentos, produtos de higiene e de saúde aumentou consideravelmente, enquanto a venda de produtos considerados menos essenciais, como roupas, caiu de forma acentuada.

Em média, o faturamento deste setor (Carrefour, Woolworths, etc.) cresceu 9,1%, com um aumento de 40% no comércio on-line de produtos alimentícios na Europa, com um lucro líquido de 34,8%.

Especialistas estimam que o crescimento vai se desacelerar no segundo trimestre, já que os consumidores estocaram produtos quando a pandemia eclodiu e nos dias que antecederam o confinamento.

- O setor farmacêutico e eletrônico -O setor farmacêutico registrou um forte impulso com a venda de antivirais e de medicamentos para o sistema respiratório. Com isso, compensou a queda registrada na demanda por outros remédios, devido ao menor número de cirurgias e de consultas médicas fora da COVID-19.

O volume de negócios das multinacionais (Bayer, Roche, entre outros laboratórios) aumentou 6,1%, enquanto o lucro líquido cresceu 20,5%.

A perspectiva é "positiva" para o setor, embora as ações adquiridas por precaução possam conter o crescimento.

Outro ganhador é o setor de eletrônicos (+ 4,5%), impulsionado por um aumento de 20% nas vendas de semicondutores e microprocessadores. O pagamento por meios eletrônicos (Visa, Mastercard e outras bandeiras) cresceu 4,7%, apesar do menor número de transferências de dinheiro e de viagens. Já o lucro líquido do setor caiu 17%.

- Perdedores: petróleo, moda, automóveis -Os grandes perdedores são os setores de petróleo e de energia (BP, PetroChina, entre outras), cujo faturamento caiu 15,9% e sofreu perdas líquidas. A causa: o colapso dos preços do petróleo.

As multinacionais, que decidiram reduzir seus investimentos em uma média de 25% devido à crise, calculam que será um ano muito difícil, com uma queda nas vendas de cerca de 30% a 40%, segundo o Mediobanca.

Outro perdedor é o setor da moda. Apesar do fato de que "a moda tradicionalmente tem sido um setor sólido", na pandemia, foi classificada como não essencial, e as lojas tiveram de fechar. Isso gerou uma queda acentuada de 14,1% no volume de negócios, apesar do aumento nas vendas on-line (+ 25%).

O lucro de várias marcas - como LVMH, EssilorLuxottica e Adidas - caiu 92% em média.

Entre as categorias mais afetadas, está a de joias, enquanto a de óculos conseguiu resistir.

A pandemia também paralisou o setor de transportes.

A indústria automotiva (Ford, Volkswagen e outras) registrou queda de 9,1% nas vendas, e de 92,4%, no lucro líquido.

Para os fabricantes de aeronaves, a epidemia é sinônimo de perdas líquidas, assim como de receita, da ordem de 22,1%.

A maioria das empresas cancelou, ou reduziu dividendos, e cortou investimentos e despesas em pesquisa e desenvolvimento.

O volume de negócios nas telecomunicações (China Mobile, Verizon etc.) caiu 2,6%, e o lucro líquido recuou 20,4%, principalmente devido à taxa cambial negativa.

"O aumento no tráfego de comunicações não implicou um aumento do volume de negócios, devido à oferta de pacotes com tarifas fixas", explica o estudo.

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