Coronavírus mergulha Alemanha na recessão
Berlim, 15 Mai 2020 (AFP) - A Alemanha entrou tecnicamente em recessão no primeiro trimestre de 2020, com uma queda de 2,2% do PIB, devido ao novo coronavírus - anunciou o escritório federal de estatística Destatis nesta sexta-feira (15).
A economia alemã registrou dois trimestres consecutivos com retrocesso do PIB. O instituto Destatis estima que, no quarto trimestre de 2019, o PIB alemão se situou em -0,1%.
Ainda conforme o Destatis, a economia alemã registra "seus piores resultados desde a crise econômica" de 2008/2009 e "seu segundo pior resultado desde a reunificação" em 1990.
As medidas para conter a pandemia começaram no início de março, sugerindo resultados ainda mais negativos no segundo trimestre.
"Agora sabemos oficialmente o que custa um confinamento: em torno de 1%-2% (do PIB) por semana", comentou Jens-Oliver Niklash, economista da LBBW.
"E é apenas o começo", resumiu o economista Carsten Brzeski, do banco ING, que também prevê um segundo trimestre nefasto.
"As consequências da pandemia neste trimestre são graves", disse Albert Braakman, do Destatis, à imprensa.
Em ritmo anual, o PIB caiu 2,3%, de acordo com os dados corrigidos, ou seja, é a queda mais grave desde o segundo trimestre de 2009, no momento mais forte da crise financeira.
Para o segundo trimestre deste ano, os especialistas estimam que o PIB alemão possa cair 10% ao ano, algo nunca visto em 50 anos.
- Forte impactoComo a maioria dos países europeus, a economia alemã sofreu um impacto forte e complexo, devido à pandemia. O confinamento paralisou vários setores, reduziu as trocas comerciais e reduziu o consumo.
Em 2020, a queda será de 6,3%, segundo cálculos do governo, ou seja, o pior resultado desde 1970.
Pilar do modelo econômico alemão, a indústria exportadora sofre especialmente após já ter sido atingida em 2019 pelas tensões comerciais e pelas preocupações derivadas do Brexit.
Em março, a produção industrial caiu 9,2% em um mês, algo que não se via desde 1991, apontou o Destatis.
O setor automotivo está arrasado. O emplacamento de veículos despencou 37,7% em março, em números anuais. Em abril, a Alemanha produziu 97% a menos automóveis do que há um ano.
Também foram afetados os conglomerados industriais. Thyssenkrupp e Siemens, por exemplo, registraram queda da demanda de vários setores.
A companhia aérea alemã Lufthansa perde, atualmente, 1 milhão de euros "por hora", em consequência do tráfego aéreo, enquanto o líder mundial do turismo TUI pretende cortar 8.000 vagas.
- Acelerar a recuperação -Com a reabertura de lojas e locais públicos em maio, o objetivo agora é acelerar a recuperação econômica.
Berlim acredita que isso ocorrerá em 2021, com um crescimento esperado de 5,2%, e espera retornar em 2022 aos níveis de produção em 2019.
"A Alemanha emergirá da crise mais rápida e eficazmente do que outros países", pois gastou "mais dinheiro para salvar sua economia" e foi "menos afetada" pelo vírus, avalia Brzeski.
Para lidar com a crise, Berlim abriu mão do rigor orçamentário e adotou um ambicioso plano de garantias públicas de empréstimos e ajudas diretas às empresas, com um volume total de 1,1 trilhão de euros (1,2 trilhão de dólares).
fcz/cfe/bl/mis/tt
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.