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O petróleo deixou o pior para trás?

21/05/2020 09h31

Londres, 21 Mai 2020 (AFP) - Especialistas e operadores se perguntam se o pior já passou para os preços do petróleo, que registraram uma leve recuperação depois de terem sido duramente atingidos em março e abril pela crise da saúde e suas consequências econômicas.

Nas últimas semanas, os preços subiram novamente e as reservas caíram, embora a demanda continue ameaçada por um possível novo surto da pandemia.

O Brent europeu e o WTI dos EUA estão acima de US$ 30 o barril nesta semana, em comparação aos US$ 15,98 pagos pelo Brent em 22 de abril, enquanto o petróleo de referência dos EUA chegou a preços negativos, até -40,32 dólares, dois dias antes. Algo nunca visto.

"Está claro que o clima do mercado mudou muito nos últimos meses", estimam Warren Patterson e Wenyu Yao, analistas do ING.

"A demanda por petróleo já atingiu o fundo e a oferta também caiu drasticamente. O resultado é que o excedente é mais contido do que o mercado temia", afirmou Weinberg.

Esse excesso de petróleo encheu reservas, tanto em terra como no mar em todo o mundo, a uma velocidade descontrolada, ameaçando congelar a produção se as bordas tivessem sido atingidas.

Não foi o caso. A última medição do gigantesco complexo de armazenamento dos EUA em Cushing, Oklahoma, mostrou uma queda na quarta-feira passada, de acordo com um relatório semanal da Agência de Energia.

- Reajuste -A entrada em vigor, no início de maio, do acordo alcançado em abril entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, em particular a Rússia, para reduzir a produção total em 9,7 milhões de barris por dia, contribuiu para reduzir a diferença abismal entre demanda e a oferta.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos, principal produtor mundial, começaram a desacelerar sua taxa de extração.

A Agência Internacional de Energia (AIE) foi menos pessimista na semana passada em suas previsões de queda na demanda de petróleo para 2020, com as primeiras medidas de desconfinamento.

Após um "abril trágico, o pior pode ter sido deixado para trás", disse Neil Atkinson, chefe da divisão de Mercados de Petróleo da AIE.

A Opep também estimou na semana passada que o reajuste do mercado de petróleo se acelerará nos próximos trimestres.

Diferentemente do mês passado, o bruto dos EUA superou sem contratempos a alteração do contrato de referência entre terça e quarta-feira.

Essa transição, após o vencimento do contrato de maio em 21 de abril, que precipitou o preço do WTI no dia anterior para território negativo pela primeira vez em sua história.

"Não só o massacre do no mês passado não se repetiu, como o aumento (no preço do WTI) acelerou até o final do contrato de junho", avalia Craig Erlam, da Oanda.

Mas "os preços não podem aumentar para sempre", dada a situação sombria da economia mundial, lembra Paola Rodríguez Masiu, da Rystad Energy, que acredita que "estabilizará entre US$ 30 e US$ 35 (o barril) por um tempo".

bp/ved/pcm/af/zm/cc