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Economia mundial deixa lentamente o abismo da pandemia

13/10/2020 09h41

Washington, 13 Out 2020 (AFP) - A recessão causada pela pandemia será menos severa do que o esperado em 2020 graças à abertura de algumas economias avançadas, embora a reativação perca força, alertou o Fundo Monetário Internacional nesta terça-feira (12).

O FMI espera uma contração do PIB mundial de 4,4% neste ano, abaixo da estimativa de junho, de 5,2%.

O novo coronavírus deixa mais de 1,07 milhão de mortes no mundo. Na Europa, França, Espanha e Inglaterra, diante de uma nova onda de infecções, multiplicam-se as medidas para evitar um confinamento generalizado, que pode ser devastador para a economia.

"Viver com o novo coronavírus é um desafio diferente, mas o mundo se adapta", considerou a economista-chefe da agência, Gita Gopinath, em um blog que acompanha o último relatório de previsão econômica global (WEO) do FMI.

A revisão em alta reflete dados econômicos melhores do que o esperado no segundo trimestre, particularmente em economias desenvolvidas da Europa, nos Estados Unidos e na China, o berço do vírus.

Todas as regiões do mundo parecem ter um desempenho melhor do que o esperado, mas as economias emergentes e em desenvolvimento como um todo caem na exceção: para elas, a previsão piorou para um declínio coletivo de 3,3% em 2020.

O PIB dos Estados Unidos, maior economia mundial, cairá 4,3%, abaixo dos 8% estimados anteriormente, enquanto a economia da zona do euro recuará 8,3%.

"No entanto, esta crise está longe de terminar", advertiu Gopinath.

Diante da imensa incerteza, o FMI mais uma vez revisou para baixo a expectativa de recuperação para 2021 (+5,2%, -0,2 pontos).

"A recuperação provavelmente será longa, desigual e incerta", resumiu a economista, retomando termos já usados pelo organismo internacional.

Em relação à previsão anterior de junho, "a perspectiva piorou consideravelmente em alguns países emergentes e em desenvolvimento, onde as infecções estão aumentando rapidamente".

Após a contração histórica de 2020 e a esperada reativação em 2021, o nível do PIB mundial deve ser um pouco superior ao de 2019, detalhou o Fundo.

A agência estima que, no médio prazo, as perspectivas serão medíocres, pois o distanciamento social provavelmente persistirá até o final de 2022, o que impede uma verdadeira recuperação.

Além disso, não se pode excluir um cenário pior, com a intensificação das infecções combinada com a desaceleração dos avanços na busca por tratamentos e vacinas, obrigando as autoridades a tomarem medidas mais duras.

- 28 trilhões em perdas -Nesse contexto, é difícil para a economia mundial retornar à trajetória esperada antes da pandemia.

O FMI estima que a perda cumulativa do PIB para 2020-2025 será de cerca de 28 trilhões de dólares, 11 trilhões somente em 2020-2021.

"É um sério revés para a melhoria do padrão de vida" da população, alertou Gopinath.

Assim como o Banco Mundial, o FMI teme que essa crise encerre o progresso feito desde a década de 1990 na redução da pobreza no mundo e que a desigualdade esteja crescendo.

O fechamento das escolas, um sacrifício para gerações inteiras, acrescenta "mais um desafio".

O volume de comércio de bens e serviços no mundo vai cair, e embora a queda seja menor que a esperada em 2020 e haja uma retomada em 2021, o número também é significativo para esse motor de crescimento: uma redução de 10,4% neste ano nos intercâmbios comerciais.

"Estes são tempos difíceis, mas há espaço para esperança", acrescentou a economista do FMI.

"Os testes se intensificaram, os tratamentos estão melhorando e os testes de vacinas estão se desenvolvendo em um ritmo sem precedentes, alguns já no estágio final".

A diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, vem insistindo há várias semanas que é fundamental que todas as inovações sejam produzidas em grande escala para o benefício de todos os países.

"Este esforço deve incluir ajuda multilateral para distribuir doses (de vacinas) a todos os países a preços acessíveis", acrescentou Gopinath.

Enquanto se espera por uma vacina, o FMI mais uma vez recomenda aos governos que mantenham a ajuda para os mais pobres e aumentem os gastos públicos com foco em projetos "verdes" geradores de mais empregos.

As reuniões do FMI e do BM são realizadas em formato virtual de 12 a 18 de outubro de 2020.

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