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Outro plano de estímulo nos EUA beneficiaria o mundo todo, diz economista-chefe do FMI

13/10/2020 15h20

Washington, 13 Out 2020 (AFP) - Um novo plano de estímulo nos Estados Unidos impulsionaria fortemente o crescimento e traria benefícios para a economia global devastada pela pandemia, especialmente para Canadá e México, disse a economista-chefe do FMI em entrevista à AFP nesta terça-feira (13).

Gita Gopinath destacou que um pacote de reativação da ordem da Lei CARES, aprovado em março por cerca de 2,2 trilhões de dólares, aumentaria o crescimento da economia mundial em dois pontos percentuais no próximo ano, acima dos 3,1% do PIB previstos atualmente.

O FMI divulgou nesta terça-feira seu último relatório "World Economic Outlook" (WEO), que prevê uma contração do PIB global de 4,4% este ano e um crescimento de 5,2% em 2021.

Esta previsão, ligeiramente melhorada em comparação com a previsão de junho, reflete que o declínio no segundo trimestre "foi terrível, mas menos terrível do que esperávamos", disse Gopinath.

Com o vírus ainda se espalhando, a recuperação é lenta, pois setores como entretenimento e turismo continuam deprimidos.

"O fator número um é acabar com a crise de saúde", enfatizou Gopinath.

Ela ressaltou, entretanto, que um grande salto na economia dos EUA faria o país voltar aos níveis anteriores à crise em 2021, em vez de 2022.

- Vantagens para sócios do T-MEC -Isso também traria "benefícios significativos para o mundo", com repercussões imediatas para Canadá e México, parceiros dos EUA no acordo de livre-comércio T-MEC da América do Norte, disse.

Atualmente, o governo de Donald Trump e a oposição democrata estão negociando um novo pacote de ajuda.

A Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, já aprovou a chamada Lei HEROES de 2,2 trilhões de dólares, que o Senado não aceitou.

Na semana passada, Trump aumentou sua proposta para 1,8 trilhão de dólares, mas a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, chamou-a de "insuficiente".

Os Estados Unidos injetaram cerca de 3 trilhões de dólares em sua economia nas primeiras semanas da pandemia, o que evitou que a recessão fosse tão severa.

O FMI agora prevê uma queda de 4,3% do PIB em 2020, melhor do que a contração de 8% estimada em junho.

Gopinath disse que a previsão atual não leva em consideração um novo plano de ajuda.

- Manter o apoio -Mesmo com as melhorias nas perspectivas globais, "ainda estamos em uma crise profunda, ainda é a pior recessão desde a Grande Depressão", lembrou Gopinath.

Ela acrescentou que a economia global continua "bem abaixo dos níveis pré-pandêmicos" e que os danos persistirão por vários anos.

Apresentando o relatório WEO, Gopinath observou que sem a recuperação da China, que deve crescer 1,9% neste ano e 8,2% no próximo, a economia global se contrairia novamente em 2021.

A China, onde o novo coronavírus apareceu no final de 2019, será o único país a crescer este ano.

A autoridade do FMI insistiu mais uma vez que os governos devem continuar a apoiar os trabalhadores e as empresas, embora tenha alertado que isso se tornará mais difícil com o tempo.

"Se pudermos acabar com a crise de saúde mais cedo, pudermos continuar a sustentar a renda familiar e pudermos evitar falências excessivas e a destruição de empregos, então poderemos ter uma recuperação um pouco mais rápida", afirmou.

Na América Latina e Caribe, a região do mundo mais atingida pela pandemia, a crise chegou com altos níveis de endividamento e fraco crescimento e, como outros mercados emergentes, está mais dependente de matérias-primas e do turismo, apontou.

"Vemos uma recuperação muito gradual na América Latina. Levará até 2023 para que se volte aos níveis (do PIB) de 2019", previu.

hs-dt/ad/mr/cc