Banco Central deverá manter Selic em 2%; decisão sai amanhã
Espera-se que o Banco Central do Brasil (BCB) mantenha amanhã sua taxa básica de juros em 2% —seu mínimo histórico—, diante da necessidade de manter os estímulos pelo impacto econômico do novo coronavírus e em um contexto de inflação ainda controlada, afirmaram analistas.
"A nossa expectativa é que o Copom decida a manutenção da taxa de juros. Primeiro porque ainda existe uma necessidade de estímulo econômico e tem um nível de inflação projetado ainda dentro das metas", explicou à AFP Alex Agostini, da Austin Rating.
Os operadores preveem, ainda, que a Selic seja mantida em 2% pelo menos até o fim do ano e que no próximo se situe em 2,75%.
Em sua reunião de setembro, o BCB já tinha mantido sua taxa de referência em 2%, interrompendo um ciclo de novos cortes.
Na ocasião, o Copom reafirmou que a conjuntura prescrevia um estímulo monetário extraordinariamente elevado, alegou prudência para avaliar o impacto fiscal das medidas de recuperação econômica frente à pandemia e disse que esta situação não mudaria a não ser que as expectativas de inflação mudassem para cima.
O índice IPCA-15 de outubro, divulgado pelo IBGE, e considerado uma prévia da inflação oficial, registrou 0,94% para outubro, acima do esperado pelos mercados. É o maior nível para este mês desde 1995 e a maior alta mensal desde dezembro do ano passado.
Na última pesquisa semanal Focus, do BCB, os economistas revisaram para cima suas previsões de inflação para 2020, de 2,65% a 2,99%, ainda muito abaixo do teto da meta, de 4%, mas acima do piso, de 2,5%.
"Para o BC, ainda é muito cedo. Ele já deu declarações que não tem intenção de subir a taxas de juros agora, que vai analisar a questão da inflação para ver se vai ser forte ou é o momento da inflação estar forte, mas vai reduzir", afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Para Lattus, a inflação continuará ganhando força nos próximos meses, devido sobretudo ao aumento das exportações do agronegócio, estimuladas pela forte depreciação do real, e isso pode levar o BC a decidir ajustar um pouco a alta da taxa Selic nas próximas reuniões.
"Com a corda no pescoço"
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, avalia que, levando em conta o aumento da inflação e uma melhora nas expectativas da evolução do PIB brasileiro, é provável que o Copom dê algum sinal no comunicado de quarta-feira de que haverá uma mudança de rumo em um futuro próximo.
O Brasil entrou em recessão no segundo trimestre, com uma contração recorde do PIB de 9,7%.
Mas no começo de outubro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a previsão para a maior economia da América Latina este ano, de uma contração de 9,1%, antecipada em junho, para uma queda no PIB de 5,8%.
Segundo Agostini, a recuperação está sendo mais rápida do que o esperado, pois as medidas oficiais de estímulo, entre elas o auxílio emergencial concedido pelo governo a mais de 60 milhões de brasileiros, os cortes fiscais e os créditos mais baratos.
"A dúvida é se isto vai ser mantido no ano que vem porque o governo tem um limite de gasto fiscal e está com a corda no pescoço", com uma dívida pública que se aproxima de 100% do PIB, acrescentou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.