UE descarta uma recuperação econômica rápida com a pandemia
Bruxelas, 5 Nov 2020 (AFP) - A segunda onda da pandemia de coronavírus acabou com as esperanças de uma rápida recuperação econômica na zona do euro, admitiu nesta quinta-feira (5) a Comissão Europeia, ao anunciar as novas previsões para 2020 e 2021.
O Produto Interno Bruto (PIB) da Eurozona cairá 7,8% este ano e a recuperação em 2021 será menos expressiva que o esperado: +4,2%, contra +6,1% da estimativa de julho. Algo jamais visto desde a criação da moeda única em 1999.
A recessão será menos severa do que a previsão anterior, de -8,7%.
Em questão: a segunda onda da pandemia que atualmente atinge a Europa, forçando vários países a reconfinar parcialmente sua população. "Cria ainda mais incerteza e destrói as nossas esperanças de uma recuperação rápida", resumiu o vice-presidente da Comissão, Valdis Dombrovskis.
"Nunca antes havíamos contado com uma recuperação em forma de V. Agora, sabemos com certeza que não a teremos", acrescentou o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni.
Bruxelas estima que a atividade "dificilmente retornará ao nível pré-pandêmico em 2022". E ressalta que o "alto grau de incerteza" que ainda pesa sobre a economia pede uma volta à normalidade em 2023.
Entre essas incertezas está um possível agravamento da crise de saúde que reduziria ainda mais a atividade e aumentaria o desemprego.
O impacto da pandemia teve efeitos diferentes nos países da UE "e o mesmo se aplica às perspectivas de recuperação".
O quadro, aponta a Comissão, é reflexo da extensão da pandemia, do custo das medidas de contenção sanitária e do alcance das respostas nacionais.
No estudo, a Comissão destaca que a possibilidade de que tal recuperação aconteça antes, em 2022, se baseia em "um grau elevado de incerteza que sugere um risco de deterioração".
Além disso, a dívida pública acumulada dos países da Eurozona alcançará este ano 101,7% do PIB e permanecerá acima de 100% nos próximos dois anos.
A zona do euro é integrada por 19 países da UE que adotaram a mesma moeda. Graças a acordos específicos, Vaticano, Andorra, Mônaco e San Marino adotaram o euro como sua moeda, mas não são considerados parte da Eurozona.
Para o comissário da Economia, Paolo Gentiloni, a recuperação da UE após a explosão da epidemia "foi interrompida pelo retorno dos casos de covid-19".
"Serão necessários dois anos para que a economia europeia alcance os níves anterior à pandemia", declarou Gentiloni.
"Trata-se de um contexto de incerteza elevada".
A estagnação das negociações com o Reino Unido pelo Brexit também "pesam nas perspectivas econômicas" da Eurozona, destacou Dombrovskis.
A Comissão também está pessimista, baseando-se nas suas previsões de um cenário de "no deal" no final do ano.
- Dívidas em alta -Embora todos os 19 países da zona do euro estejam entrando em recessão este ano, sem surpresa, três estão em situação particularmente complicada: Espanha (-12,4%), Itália (-9,9%) e França (-9,4%).
Esses números refletem a gravidade da crise de saúde nesses países e sua maior dependência de serviços, especialmente relacionados ao turismo.
A Alemanha, maior economia da Europa, conseguiu moderar a escala da queda, com o PIB caindo "apenas" 5,6% em 2020.
Para limitar os danos e facilitar a recuperação, a Comissão Europeia suspendeu as suas regras de disciplina orçamentária em março: os Estados podem, assim, despender quanto for necessário para apoiar as suas empresas e os seus trabalhadores.
Consequência: espera-se que os déficits públicos aumentem significativamente em 2020.
Este ano, quatro países - França, Itália, Espanha, Bélgica - deverão ver seu déficit ultrapassar 10% do PIB em 2020.
Esses gastos generalizados, assim como a recessão, irão, portanto, aumentar um pouco mais a dívida dos Estados.
Para a zona euro como um todo, ultrapassará o limiar simbólico de 100% do PIB em 2020.
Os níveis serão particularmente preocupantes na Grécia (207,1% em 2020) e na Itália (159,6%). A dívida francesa deve atingir 115,9% do PIB em 2020 e continuar a crescer em 2021 e 2022.
ahg/bl/fp/mr
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