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Multinacionais que ganham e que perdem com o coronavírus

19/11/2020 14h16

Milão, 19 Nov 2020 (AFP) - A epidemia de coronavírus, que provoca recessão global neste ano, atinge as multinacionais de várias maneiras, com parcela de perdedores, mas também de grandes vencedores, segundo estudo do centro de pesquisas do banco italiano Mediobanca.

A análise, divulgada nesta quinta-feira, é baseada nos resultados econômicos dos primeiros nove meses de 2020 de mais de 160 empresas com faturamento de mais de três bilhões de euros (3,55 bilhões de dólares). São multinacionais que viram o seu volume de negócios diminuir em média 4,3%.

OS GANHADORES- Internet -As empresas multinacionais da Internet (a "WebSoft") foram "as vencedoras absolutas" da pandemia. O faturamento do setor, incluindo o comércio online liderado pela Amazon aumentou 18,4% e seu lucro líquido foi de 21,8%.

"Os gigantes da internet confirmaram sua adaptabilidade e flexibilidade durante esta crise", como têm sabido "aproveitar as medidas de contenção adotadas pelos governos" para tentar conter a epidemia de covid-19, bem como "as mudanças nos hábitos de consumo", enfatiza o centro de estudos Mediobanca.

Os serviços de entrega de alimentos tiveram um boom (+ 47%), assim como os videogames (+ 40%) e o comércio eletrônico (+ 33%). Por outro lado, as vendas de viagens online despencaram, com queda de 52%.

- A grande distribuição -O volume de negócios do grande setor varejista (Carrefour, Woolworths, por exemplo) aumentou 8,8% e seu lucro líquido foi de 19,2%. O comércio online registou um bom crescimento, com aceleração no terceiro trimestre (aumentou mais de 80%).

"A grande distribuição alimentar, que não foi afetada pelas medidas de confinamento, aproveitou as restrições impostas ao setor da restauração e o fenômeno do teletrabalho e também a tendência de acumulação (formação de estoques) por parte dos consumidores, em especial no primeiro trimestre", explicou o Mediobanca.

Os hábitos de consumo mudam constantemente, segundo especialistas, que registram aumento do consumo médio, redução da frequência de compras e preferência por pequenas lojas de conveniência, por descontos e supermercados em vez de hipermercados.

Paralelamente, a multiplicação de plataformas de compras online (Click & Collect e entrega à domicílio) e o desenvolvimento de métodos de pagamento inovadores (através de smartphones, por exemplo).

- Eletrônica -Outro grande ganhador é o setor de eletrônica, que tem se beneficiado da "aceleração digital global em resposta à pandemia", graças ao desenvolvimento da "computação em nuvem" (computação desmaterializada), inteligência artificial e 5G, destaca Mediobanca.

As receitas aumentaram 5,7% e o lucro líquido 11,6%, também devido ao aumento da procura de centros de dados, redes de computadores e sistemas de informação.

- EM ESPERA -- Setor farmacêutico -Embora o lucro líquido do setor esteja na metade (-10,1%), as grandes empresas (Bayer, Roche) viram suas vendas aumentarem 3,1% em nove meses, com aumento no primeiro trimestre, uma diminuição de 2,3% no segundo e um novo aumento no terceiro, em função da evolução da pandemia.

Para todo o ano de 2020, o Mediobanca espera que as vendas aumentem cerca de 3% e considera que a descoberta de vacinas pode gerar um forte aumento de receita para as empresas envolvidas.

OS PERDEDORES- Petróleo e energia -O setor de petróleo e energia é o grande perdedor, com queda notável de 32,3% no faturamento das grandes empresas (BP, PetroChina, etc.) e perdas líquidas, devido ao colapso, embora se registre uma melhora na terceira trimestre.

- Moda -O ano "2020 promete ser o mais difícil que a indústria da moda já enfrentou" (LVMH, Adidas), devido ao fechamento de lojas e à queda do turismo, destaca Mediobanca.

Nos primeiros nove meses, a queda nas vendas foi evidente (-21,3%), apesar do aumento de dois dígitos no comércio online, e foi acompanhada por perdas líquidas.

A maioria das multinacionais melhorou no terceiro trimestre, com a recuperação do setor principalmente na China. Segundo a Mediobanca, "2021 deve ser um ano de crescimento, ainda que a volta ao patamar de faturamento antes da crise não ocorra até 2022 para muitas empresas", alertou.

- Transportes -A epidemia foi um duro golpe para o setor. A indústria automobilística (Fiat Chrysler, PSA, Volkswagen, entre outras) registrou queda nas vendas de 17,4% e lucro líquido de 66%.

Para os fabricantes de aeronaves, fortemente afetados pela cessação do fluxo turístico, a pandemia é sinônimo de perdas líquidas e receitas abaixo de 30,6%.

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