Artistas cubanos rechaçam proibição de trabalho privado na imprensa e na cultura
Havana, 11 Fev 2021 (AFP) - Artistas, comunicadores e jornalistas independentes expressaram nesta quinta-feira (11) sua insatisfação com as normas do governo que proíbem o trabalho privado nas esferas da cultura, imprensa e comunicação em Cuba.
São 124 atividades que ficarão reservadas ao Estado, como saúde, educação, cultura e imprensa, conforme informou na quarta-feira o Ministério do Trabalho, no âmbito de uma reforma que permite que outras 2 mil áreas sejam exercidas pelo setor privado.
"Concordo com as proibições que dizem respeito ao controle de armas e tudo que ameace a segurança e/ou o bem-estar do cidadão", disse o famoso cantor e compositor Silvio Rodríguez em seu blog Segunda Cita.
Mas "declaro que leria - na íntegra - o relatório que mostrasse que o resto das proibições beneficia o povo. Por maior que seja", acrescentou.
O artigo 57 da lista oficial proíbe "a produção audiovisual e cinematográfica, as atividades de gravação de som e edição musical, exceto a operação e/ou aluguel de equipamentos".
"As proibições tendem a confundir o que foi conquistado: o reconhecimento do cinema independente com fundos estatais", disse à AFP o documentarista e produtor Juan Pin Vilar.
Agora "a possibilidade de legitimar quem é artista e qual obra é arte está sendo devolvida às mãos de uma burocracia corrupta. Vamos passar do cinema independente ao clandestino, mas não vamos parar", afirmou.
Em nota divulgada nesta quinta-feira em seu site, o Instituto Cubano de Cinema (ICAIC) esclareceu que "a produção audiovisual e cinematográfica independente não é afetada pelas novas disposições" sobre o trabalho privado, porque os criadores independentes deste setor não são autônomos.
Esses trabalhadores "realizam sua atividade a partir de sua condição de artista, reconhecida como forma de gestão não estatal", afirmou o ICAIC.
Ricardo Herrero, diretor executivo do Cuba Study Group, com sede em Washington, questionou se "proibir a atividade cultural independente faz parte da mudança que as pessoas estão pedindo".
"O que eu sei é que, para nós que lutamos nos Estados Unidos para romper o embargo e melhorar as relações bilaterais, isso simplesmente não ajuda", acrescentou Herrero no Twitter.
Na lista oficial, também é vetada a "edição e diagramação de livros, diretórios e listas de mala direta, jornais, tabloides e revistas em qualquer formato ou meio", assim como as "atividades de agências de notícias".
"Vou continuar a fazer jornalismo independente... Quando comecei era proibido, agora é proibido, amanhã parece que vai ser proibido", declarou Yoani Sánchez, diretora do jornal digital ilegal 14 y Medio, em sua conta no Twitter.
"A única coisa que não muda é a minha resolução de informar, contar e relatar. Não saí, não vou sair, não vou deixar [Cuba]", disse.
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