BC decide por forte alta da Selic a 2,75%
Brasília, 17 Mar 2021 (AFP) - O Banco Central (BC) elevou nesta quarta-feira (17) a taxa básica de juros a 2,75% (+0,75 ponto percentual) e indicou que poderá optar por um aumento semelhante em sua próxima reunião, para conter a inflação, em forte alta devido à fragilização da economia causada pela crise sanitária.
O aumento é o primeiro em quase seis anos e superou a estimativa média do mercado, de 0,5 ponto percentual, tirando a Selic do mínimo histórico de 2%, em que permanecia desde agosto de 2020.
A decisão foi aprovada pelos nove membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que alegaram preocupação com a disparada inflacionária, que corre o risco de sair da meta de 2021 (3,75%, com teto de tolerância de 5,25%). A alta nos preços em 12 meses chegou a 5,20% em fevereiro, um máximo desde janeiro de 2017, pressionada pelo aumento da gasolina e dos alimentos.
O Copom lembrou que a economia brasileira sofreu uma contração de 4,1% em 2020, mas que, no último trimestre, recuperou-se 3,2% em relação ao trimestre anterior, o que leva a crer que "o cenário atual já não prescreve um grau de estímulo extraordinário" da atividade, refletido em uma Selic a 2%.
"Por conseguinte, o Copom decidiu iniciar um processo de normalização parcial", indicou em comunicado. "Para a próxima reunião (em 4 e 5 de maio), a menos que haja uma mudança significativa nas projeções de inflação ou no balanço de riscos, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude."
- 'Ação precipitada' -O aumento dos juros pode aplicar um duro golpe na recuperação econômica, uma vez que encarece o crédito. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o Banco Central agiu "de forma precipitada, porque ainda paira muita incerteza sobre o horizonte econômico de médio prazo".
O país vive o pior momento da pandemia, que levou muitos estados e municípios a impor restrições de atividades e um toque de recolher. A melhora da economia no segundo semestre do ano passado foi possibilitada pelo pagamento do auxílio a quase um terço dos 212 milhões de brasileiros. A ajuda foi novamente autorizada e deve começar a ser paga em abril.
A disparada recente dos preços foi motivada pela demanda mundial de produtos agrícolas, ao forte aumento do dólar e à piora do panorama fiscal, agravado pela gestão caótica da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro. "O que estabiliza a inflação é a credibilidade da política econômica do Brasil, e o país vive um problema em relação à credibilidade", assinala Pedro Paulo Silveira, gestor da Nova Futura Investimentos.
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