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Entre esperar e desviar pela África, os custos imprevisíveis do bloqueio do Canal de Suez

26/03/2021 13h34

Com o bloqueio do tráfego no Canal de Suez por um navio cargueiro encalhado, mais de 200 navios com bilhões de dólares em mercadorias também ficaram presos, mas as consequências econômicas exatas dependerão da duração da paralisia.

O bloqueio "não poderia vir em momento pior para o canal mais usado" do mundo, em meio à pandemia do coronavírus, comenta Jonathan Owens, especialista em logística da University of Salford Business School.

O valor total das mercadorias bloqueadas ou que devem seguir outra rota difere de acordo com as informações: de 3 bilhões de dólares por dia, segundo Jonathan Owens, a 9,6 bilhões, segundo a Lloyd's List, revista britânica de transporte marítimo.

"Dado o grande número de partes afetadas pela situação, direta e indiretamente, é impossível neste nível quantificar o valor das mercadorias em atraso", considera Daniel Harlid, analista da Moody's.

O bloqueio não significa automaticamente perda, disse à AFP Jai Sharma, advogado especializado em transporte marítimo para o escritório Clyde and Co.

Embora seja possível calcular os bilhões de dólares de mercadorias atrasadas, o impacto nas empresas e as possíveis reações em cadeia ainda não podem ser quantificados e dependerão das reservas que possuem.

Para o setor de petróleo, o problema seria menos grave, já que apenas 1,74 bilhão de barris passam pelo canal diariamente. Do pouco petróleo do Golfo que vai para a Europa 80% passa pelo oleoduto Sumed, disse Paola Rodríguez Masiu, da Rystad Energy. E o gasoduto também tem capacidade disponível.

Agora, as operadoras enfrentam o dilema de esperar a reabertura do canal ou perder uma semana ou dez dias para fazer o desvio pela África passando pelo Cabo da Boa Esperança.

É o que a gigante do transporte marítimo Maersk e a alemã Hapag-Lloyd planejam fazer.

Esse desvio pode ser estimado em centenas de milhares de dólares por navio, ou um custo extra entre 15 e 20%, calculou para a AFP Plamen Natzkoff, analista da VesselsValue.

E isso levando em consideração que a grande maioria das viagens, até 90%, não tem seguro contra atrasos, enfatiza a Lloyd's List.

Citando observadores, a revista indica que muitos litígios devem vir por aí para determinar quem vai pagar.

Sobre as operações para desencalhar o navio, a conta será grande, de "vários milhões" de dólares, segundo Jai Sharma, principalmente se for necessário descarregar uma parte da carga.

No entanto, "as apólices de seguro das transportadoras de carga geralmente são assinadas por várias seguradoras, às vezes estrangeiras, de modo que as perdas serão compartilhadas entre as seguradoras", ressalta Soichiro Makimoto, analista da Moody's.