Biden quer investir quase US$ 2 trilhões em infraestrutura
Washington, 31 Mar 2021 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai propor nesta quarta-feira (31) um investimento de quase US$ 2 trilhões em infraestrutura, com o objetivo de gerar empregos e colocar em prática um plano que deseja transformar em símbolo de sua gestão.
A primeira fase do programa "Build Back Better" (Reconstruir Melhor), que será apresentado em um discurso em Pittsburgh, Pensilvânia, detalhará os investimentos previstos para oito anos.
O plano inclui destinar US$ 620 bilhões para o setor de transportes para modernizar mais de 32.000 quilômetros de estradas e rodovias, além de reparar quase 10.000 pontes no país.
Acusado por seu antecessor Donald Trump de ser um político sem ideias e sem diretrizes fortes, Biden deseja transformar o plano em um dos símbolos de seu mandato.
O presidente "pensa que seu papel é o de oferecer uma perspectiva ousada sobre como podemos investir em nosso país, nossas comunidades, nossos trabalhadores", disse sua porta-voz, Jen Psaki.
Os investimentos seriam particularmente financiados pelo aumento do imposto sobre as empresas, que passaria de 21% para 28%, uma ideia que já encontra resistências entre os empresários.
De acordo com a Casa Branca, após o aumento, a taxa permaneceria no menor nível desde a Segunda Guerra Mundial, com exceção dos anos sob a reforma fiscal de Trump, aprovada em 2017.
A nova ofensiva legislativa acontece pouco depois de o Congresso aprovar um plano de US$ 1,9 trilhão para reparar os danos provocados pela pandemia de covid-19 na economia.
O discurso desta quarta-feira será apenas o ponto de partida de uma batalha no Congresso, que promete ser tão áspera como incerta.
As primeiras críticas ao plano vieram da ala mais à esquerda do Partido Democrata.
Para a congressista de Nova York Alexandria Ocasio-Cortez, os valores propostos são simplesmente "insuficientes".
Para o senador republicano por Wyoming John Barraso, o projeto é um "cavalo de Troia" para permitir aos democratas "gastar mais e aumentar os impostos".
Tudo isso significa que os próximos meses serão um teste para a habilidade de negociação de Biden, um ex-senador e veterano da política de Washington.
- "Urgência do momento" -"O presidente quer mostrar claramente que tem um plano e que está aberto à discussão", afirmou uma fonte da Casa Branca.
"Mas não assumirá compromissos sob a urgência do momento" e a necessidade de ser ambicioso para "reinventar" uma "nova economia americana", completou.
O plano considera ampliar "a revolução dos carros elétricos" com, por exemplo, a mudança para ônibus elétricos de 20% da frota destinada ao transporte escolar.
Também considera construir infraestruturas mais resistentes às evoluções vinculadas à mudança climática.
Reparar ou construir estradas, pontes, ferrovias, portos e aeroportos é uma ideia com grande significado para os americanos em geral, pois boa parte das infraestruturas do país data da década de 1950, e sua deterioração é inquestionável.
Alcançar um consenso entre democratas e republicanos não será fácil, porém.
Donald Trump e Barack Obama, os dois antecessores de Biden, também fizeram declarações sobre possíveis acordos e grandes promessas na área, que terminaram em fracasso.
O secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, que estará na linha de frente do plano, acredita que, desta vez, o roteiro será diferente.
"Temos uma oportunidade extraordinária de conseguir o apoio dos dois partidos para pensar grande e dar provas de coragem nas infraestruturas", disse Buttigieg.
"Não é necessário explicar aos americanos que devemos trabalhar na infraestrutura, e a realidade é que não se pode separar a dimensão climática deste desafio", afirmou.
Joshua Bolten, presidente da organização empresarial Business Roundtable, mostrou-se contrário a qualquer aumento de imposto para as empresas para financiar a infraestrutura.
"Os líderes políticos deveriam evitar novos obstáculos à criação de empregos e ao crescimento, em particular em um período de recuperação", disse.
ja/gr/gm/lda/fp/tt
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