China anuncia moratória para a pesca de lula em áreas do Pacífico e do Atlântico
Pequim, 29 Jun 2021 (AFP) - A China anunciou que vai proibir temporariamente sua frota pesqueira, a maior do mundo, de capturar lulas em partes do Pacífico e do Atlântico, onde a sobrepesca reduziu fortemente as populações desse cefalópode.
A China captura até 70% das lulas do mundo e seus navios chegam à África Ocidental e à América Latina para suprir o apetite do país por frutos do mar.
Mas os navios chineses vão suspender suas operações nos principais locais de desova das lulas no Atlântico Sul Ocidental, perto da Argentina, a partir de quinta-feira (1º) até 30 de setembro, e em partes do Pacífico de setembro a novembro, anunciou o ministério da Agricultura.
A moratória acontece após a reação internacional contra a enorme frota da China no exterior, acusada de exploração excessiva e danos aos frágeis ecossistemas marinhos.
As áreas cobertas pela moratória são zonas de procriação de duas das variedades mais populares: a lula argentina de barbatana curta e a lula-de-humboldt.
As populações de lula argentina de barbatana curta caíram drasticamente nos últimos anos. A captura média por navios chineses no Atlântico Sul Ocidental foi de apenas 50 toneladas em 2019, em comparação com até 2.000 toneladas anteriormente, de acordo com a associação de pesca de lula da China.
"A China é o maior consumidor mundial de lula e a pesca está esgotando os estoques e deixando as autoridades preocupadas", disse Zhou Wei, conservacionista do ecossistema marinho do Greenpeace China.
"Garantir um abastecimento estável é importante para garantir a segurança alimentar", acrescentou.
A frota pesqueira chinesa em águas distantes soma mais de 2.600 embarcações, mais de 10 vezes a dos Estados Unidos. Quase um terço é dedicada à pesca de lula.
"Uma proibição da pesca de lula - mesmo que temporária - por parte da China é fundamental para a saúde do oceano, dado o grande tamanho das capturas", disse Zhang Jihong, um biólogo marinho do Instituto de Pesquisa Pesqueira do Mar Amarelo da China.
A indústria pesqueira chinesa emprega mais de 14 milhões de pessoas e outras 30 milhões dependem do pescado para sua subsistência.
Mas, à medida que as populações de espécies marinhas estão se esgotando em seu país, os pescadores chineses estão navegando para mais longe e se envolvendo em disputas marítimas.
No ano passado, centenas de navios de pesca chineses foram avistados ao redor de santuários marinhos ao longo do Equador e das Ilhas Galápagos.
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